A abstenção em Portugal "está empolada"
Responsável pela Administração Eleitoral alerta para o facto de muitos emigrantes manterem a morada portuguesa nos seus documentos de identificação. Problema "só se combate com meios políticos".
"Há que dizer que uma parte relativamente significativa da abstenção é uma abstenção falsa porque nós hoje temos, como é conhecido, um recenseamento que está relativamente empolado", disse o responsável pelo processo eleitoral em Portugal numa entrevista à agência Lusa.
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"Há que dizer que uma parte relativamente significativa da abstenção é uma abstenção falsa porque nós hoje temos, como é conhecido, um recenseamento que está relativamente empolado", disse o responsável pelo processo eleitoral em Portugal numa entrevista à agência Lusa.
Jorge Miguéis considera que o empolamento do recenseamento se deve ao facto de muitos emigrantes manterem a morada portuguesa nos seus documentos de identificação.
Isto porque o recenseamento eleitoral é feito automaticamente, "basta que a pessoa tenha o seu cartão de cidadão, o seu bilhete de identidade, para quando atinge 18 anos ser inscrita ou quando morre ser eliminada [dos cadernos eleitorais]", disse Jorge Miguéis.
"Há um número muito significativo de emigrantes que têm no seu bilhete de identidade ou no seu cartão de cidadão morada no território nacional por motivos vários, por motivos fiscais, por motivos sentimentais sobretudo, e por isso a abstenção hoje diria que está ligeiramente empolada", sustentou.
Para Jorge Miguéis, "a elevada abstenção só se combate com meios políticos".
Uma publicação de Março do Observatório da Emigração estima que em 2013 terão emigrado 110 mil pessoas.
Na última vez que os portugueses foram chamados a votar – nas eleições europeias, que se realizaram em Maio de 2014 –, a abstenção registou o valor mais alto de sempre, situando-se nos 66,09%.
Nas últimas eleições legislativas, realizadas em 2011, a abstenção foi de 41,1%.