Bruno Simões Castanheira vence prémio Estação Imagem 2015 Viana do Castelo
É a segunda vez que Castanheira ganha o distinção máxima do Estação Imagem. António Pedro Santos vence Prémio Noroeste Peninsular - Construção Naval e o júri decide atribui-lhe uma bolsa para a concretização de um trabalho sobre a filigrana. Paulo Pimenta, repórter do PÚBLICO, ganha primeiro prémio na categoria Arte e Espectáculos.
Entre os distinguidos está também o fotojornalista do PÚBLICO Paulo Pimenta (primeiro vencedor do Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem Mora, em 2009), que foi galardoado com o portfólio Rasgado, na categoria de Arte e Espectáculo, área em que também já tinha sido reconhecido com o primeiro prémio em 2013. Assim como João Gomes da Silva, que terminou recentemente o seu estágio no PÚBLICO e que venceu o segundo prémio na categoria Assuntos Contemporâneos com o portfólio Paralelos.
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Entre os distinguidos está também o fotojornalista do PÚBLICO Paulo Pimenta (primeiro vencedor do Prémio de Fotojornalismo Estação Imagem Mora, em 2009), que foi galardoado com o portfólio Rasgado, na categoria de Arte e Espectáculo, área em que também já tinha sido reconhecido com o primeiro prémio em 2013. Assim como João Gomes da Silva, que terminou recentemente o seu estágio no PÚBLICO e que venceu o segundo prémio na categoria Assuntos Contemporâneos com o portfólio Paralelos.
Em Rasgado, Pimenta explora a sobreposição de imagens (e a criação de novas imagens) à medida que os cartazes de espectáculos vão sendo substituídos nas paredes da cidade do Porto.
O anúncio dos vencedores foi feito na manhã deste sábado em Viana do Castelo, a cidade que a partir deste ano passa a acolher o concurso, que durante esta semana apresentou na capital do Alto Minho exposições, documentários, projecções e uma conferência. Do júri internacional que avaliou os trabalhos desta edição fizeram parte Maria Mann (presidente), directora de relações internacionais da EPA, Yannis Behrakis, fotojornalista da Reuters, Ruth Eichhorn, directora de fotografia das revistas GEO, Horacio Villalobos, que trabalhou para as agências UPI e AP e para revistas como a Time e Newsweek, e Elena Boille, subdirectora e editora gráfica da revista italiana Internazionale.
O trabalho de Bruno Simões Castanheira (que faz parte da agência 4see) foi publicado em Dezembro em livro, no âmbito do Projecto Troika, iniciativa que juntou oito fotógrafos e um realizador com a ambição de deixar um registo visual dos anos recentes, em que Portugal se viu condicionado por um resgate liderado pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. O portfólio que o fotojornalista enviou para o Estação Imagem intitula-se A troika foi embora, mas a austeridade ficou e mostra várias situações de pobreza, de quem está prestes a perder a casa, de quem já dorme na rua, ou de quem se manifesta contra tudo isto.
Na apresentação das imagens que decidiu levar a concurso, Castanheira, nascido em Lisboa em 1979, sublinha o período recessivo em que mergulhou o país nos últimos três anos, e lembra as desigualdades sociais que, entre outros indicadores, se revelam no índice de distribuição de riqueza e nos níveis de pobreza “alarmantes”. “O número de famílias pobres está a aumentar, com as crianças e os jovens entre os mais afectados: a taxa de desemprego jovem ultrapassa os 50%. A falta de sensibilidade social e a catástrofe económica que se seguiram a este ‘ajuste interno’ criaram um exército de ‘novos pobres’, situação que põe em causa a democracia e a sustentabilidade do país.”
Para o júri, citado pela organização, Bruno Simões Castanheira reuniu “um conjunto de imagens que são ao mesmo tempo belas e retratam dificuldades”. “Deliciam os sentidos e a imaginação e permitem também perceber a complexidade de importantes acontecimentos sociais.” Castanheira, que ao longo dos últimos anos tem somado distinções, “documenta e publica como fotógrafo freelancer desde 2003”. Apesar dos prémios, diz ter a “consciência de ser apenas mais um, entre muitos outros, que procura, através da sua existência, dar um pequeno contributo para que o mundo seja progressivamente mais livre e humanista”.
O Prémio Noroeste Peninsular – uma das novidades do Estação Imagem, que nesta edição convidou os fotógrafos a trabalharem o tema da construção naval – foi atribuído a António Pedro Santos, do jornal i, pelo portfólio Batalha Naval. Este fotojornalista viu ainda reconhecido, com um segundo prémio, a série de retratos Todos diferentes, todos iguais e tornou-se o sucessor de Hermano Noronha na bolsa Estação Imagem, que todos os anos cria condições para que um autor concretize um trabalho sobre a região onde é atribuído o prémio. Assim, durante 2015, António Pedro Santos olhará para a filigrana minhota, uma técnica que ocupa um lugar especial na ourivesaria tradicional portuguesa. As imagens resultantes deste trabalho serão publicadas em livro e expostas em Viana do Castelo durante a edição do prémio do próximo ano.
Este sábado à tarde, no edifício dos antigos Paços do Concelho de Viana do Castelo, na Praça da República, será inaugurada a exposição e lançado o livro do trabalho Presente, de Hermano Noronha, vencedor da bolsa Estação Imagem 2014. Noronha concentrou a sua câmara na memória da Guerra do Ultramar no concelho de Mora, localidade que, até 2014, se associou ao prémio. Para além desta exposição, na Biblioteca Municipal pode ser vista uma mostra com as reportagens que o fotojornalista sul-africano de origem portuguesa João Silva fez no Afeganistão.
Na categoria Notícias, o júri distinguiu um conjunto de imagens de André Gouveia (Global Imagens) sobre os protestos emotivos da população de Canelas, Vila Nova de Gaia, por causa da substituição do pároco daquela localidade. A decisão da diocese do Porto de afastar o padre Roberto de Sousa, em Julho do ano passado, enfureceu os fiéis a um ponto que o novo pároco teve de ser escoltado pela GNR várias vezes, quando se dirigia para a igreja a fim de celebrar a missa.
Rui Duarte Silva (Expresso) venceu na categoria Assuntos Contemporâneos, com Galgos, corridas e perseguições, e Vida Quotidiana, com um trabalho que capta figuras humanas solitárias em vários tipos de paisagem da cidade do Porto (Sozinhos na cidade).
Na categoria Série de Retratos, a vecedora foi Natália Szemis (freelancer), com o trabalho Imaginarium, com crianças cegas ou com deficiências visuais. Nas reportagens sobre Ambiente, Eduardo Leal (freelancer) foi distinguido com Árvores de plástico, que mostra como os sacos e as embalagens de plástico se “colam” à paisagem. Daniel Rodrigues (também freelancer) ganhou o primeiro prémio na categoria Desporto, com uma reportagem sobre a paixão do futebol no Brasil, durante o Mundial, a que chamou Fé, futebol e bola pr’á frente. O futebol tem sido, aliás, um dos temas centrais no trabalho de Rodrigues, pelo qual também já foi distinguido pelo concurso World Press Photo, em 2013.
O prémio Estação Imagem é o único na Península Ibérica dedicado ao fotojornalismo. Todos os anos reconhece reportagens dos fotógrafos portugueses, dos PALOP e da Galiza, ou feitas por estrangeiros nestes territórios.
Os vencedores
Prémio Estação Imagem 2015 Viana do Castelo
Bruno Simões Castanheira
A troika foi embora, mas a austeridade ficou
Prémio Noroeste Peninsular - Construção Naval
António Pedro Santos
Batalha naval
Notícias
1.º Prémio
André Gouveia
O padre
Assuntos Contemporâneos
1.º Prémio
Rui Duarte Silva
Galgos, corridas e perseguições
2.º Prémio
João Miguel Gomes da Silva
Paralelos
Vida Quotidiana
1.º Prémio
Rui Duarte Silva
Sozinhos na cidade
2.º Prémio
Rui M. Oliveira
Luta contra a fome
Arte e Espectáculos
1.º Prémio
Paulo Pimenta
Rasgado
2.º Prémio
Francisco Salgueiro
O maior espectáculo do mundo
Ambiente
1.º Prémio
Eduardo Leal
Árvores de plástico
2.º Prémio
Douglas Rogerson
Animação suspensa
Série de Retratos
1.º Prémio
Natalia Szemis
Imaginarium
2.º Prémio
António Pedro Santos
Todos diferentes, todos iguais
Desporto
1.º Prémio
Daniel Rodrigues
Fé, futebol e bola pr'á frente
2.º Prémio
Gonçalo Delgado
Evolução multifacetada do ser humano
Bolsa Estação Imagem 2015 Viana do Castelo
António Pedro Santos
A tradição ainda é o que era