Parlamento Europeu pede à Turquia reconhecimento do genocídio arménio
Apelo europeu "entrará por um ouvido e sairá pelo outro", respondeu o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan
A resolução também "presta homenagem, nas vésperas do centenário, à memória dos 1,5 milhões de arménios inocentes que perderam a vida" no período 1915-1917. No entanto, no debate que antecedeu o voto, nem o Conselho, nem a Comissão Europeia utilizaram a palavra "genocídio", o que foi criticado por vários eurodeputados.
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A resolução também "presta homenagem, nas vésperas do centenário, à memória dos 1,5 milhões de arménios inocentes que perderam a vida" no período 1915-1917. No entanto, no debate que antecedeu o voto, nem o Conselho, nem a Comissão Europeia utilizaram a palavra "genocídio", o que foi criticado por vários eurodeputados.
Kristalina Georgieva, vice-presidente da Comissão Europeia, declarou assim apenas que "reconhece a importância das comemorações arménias do centenário", assim como os "pontos de vistas divergentes entre os Estados-Membros sobre essa tragédia em particular."
"Não há acordo comum no que toca à definição dos eventos trágicos que ocorreram há cem anos", admitiu por sua vez a representante da presidência letã, Zanda Kalnina-Lukaševica. Tanto o Conselho como a Comissão preferiram sublinhar a necessidade de uma reconciliação entre a Turquia e a Arménia, que nunca chegaram a estabelecer relações diplomáticas desde a independência arménia em 1991
Entre os Estados-Membros, apenas dez reconheceram oficialmente como um genocídio o massacre dos arménios otomanos durante a primeira Guerra Mundial. Por isso mesmo, no mês passado, o PE também votou uma resolução em que pedia a todos os Estados membros e às instituições europeias para reconhecerem o genocídio arménio.
A Arménia organiza este ano a dia 24 de Abril uma comemoração do centenário do genocídio, em Erevan, que contará com a presença de vários líderes mundiais, incluindo o presidente francês, François Hollande, e o presidente russo, Vladimir Putin.
Turquia rejeita "ser insultada"
A reacção de Ancara a mais esta resolução não se fez esperar. Ainda o texto da resolução estava a ser finalizado em Bruxelas, já o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, citado pela AFP, declarava que o apelo do Parlamento Europeu "entrará por um ouvido e sairá pelo outro, porque a Turquia não pode reconhecer um tal pecado ou um tal crime".
"Não deixaremos a nossa nação ser insultada por causa da sua história", insistiu o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu. O representante da Turquia junto da UE, Selim Yenel, também criticou a resolução em declarações ao site EUObserver, afirmando que o PE está "a agir como acusador, juiz e júri".
A resolução aprovada nesta quarta-feira, no entanto, não constitui uma posição nova da parte do PE, que adoptou em 1987 uma resolução em que já reconhecia que os eventos trágicos de 1915-1917 constituíam um genocídio.
Apesar de Erdogan e o Governo turco já terem reconhecido que foram perpetradas atrocidades pelas autoridades otomanas e expressado pesar aos descendentes das vítimas, a utilização da palavra genocídio é fortemente contestada pela Turquia. Vários países, incluindo os Estados Unidos, têm-se por isso esquivado a utilizar esse termo para não envenenar as suas relações com Ancara.