Itália mobiliza-se para acolher mais migrantes, oposição mobiliza-se contra Renzi

Governo de Matteo Renzi pediu às administrações regionais que encontrassem soluções para aumentar a capacidade em mais 6500 camas.

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Primeiro-ministro Matteo Renzi lamenta a "instrumentalização política" da crise migratória REUTERS/Darrin Zammit Lupi

As autoridades começaram a tomar medidas para reagir a um previsível aumento dos desembarques de imigrantes clandestinos pela via marítima, com o ministério do Interior a instruir as administrações regionais para encontrarem soluções de alojamento temporário que permitissem aumentar a actual capacidade em pelo menos mais 6500 camas. O esforço, dizia o governante, seria repartido pelas diferentes regiões continentais: a Puglia, no sul do país, garantiria 250 camas, Lazio e Marche outras 250, e as restantes seriam divididas entre o Piemonte, a Lombardia, Tuscana, Emilia-Romagna e Campania.

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As autoridades começaram a tomar medidas para reagir a um previsível aumento dos desembarques de imigrantes clandestinos pela via marítima, com o ministério do Interior a instruir as administrações regionais para encontrarem soluções de alojamento temporário que permitissem aumentar a actual capacidade em pelo menos mais 6500 camas. O esforço, dizia o governante, seria repartido pelas diferentes regiões continentais: a Puglia, no sul do país, garantiria 250 camas, Lazio e Marche outras 250, e as restantes seriam divididas entre o Piemonte, a Lombardia, Tuscana, Emilia-Romagna e Campania.

Mas a medida foi mal recebida pela oposição, que manifestou a sua apreensão com uma iniciativa que, na sua opinião, encoraja as pessoas desesperadas e as redes de contrabando humano a procurar a costa italiana para entrar na União Europeia. “É uma vergonha absoluta que o Governo, em vez de repelir a invasão de imigrantes clandestinos, ande a fazer planos para arranjar milhares de camas, naquela que no fundo é uma cedência ao invasor”, criticou o senador Maurizio Gasparri, eleito pela Forza Italia, de centro-direita.

Matteo Salvini foi mais longe, e prometeu que a Liga do Norte ia fazer de tudo para inviabilizar o acolhimento dos recém-chegados. “Já pedi aos governadores, autarcas, conselheiros e assessores da Liga do Norte a recusarem, por todos os meios possíveis, a facilitação do acolhimento. A Liga está preparada para ocupar casa, hotel, hostel, escola, pavilhão ou armazém destinado ao acolhimento de supostos refugiados”, ameaçou Salvini, numa mensagem publicada no Facebook na passada terça-feira. Hoje, alimentou a polémica, em resposta às críticas: “Quem quiser acolhê-los [aos imigrantes] que abra a porta da sua casa”.

A presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, lamentou as palavras de Salvini, e sublinhou que a recusa de socorro não vai travar o fluxo de milhares de pessoas dispostas a correr os maiores riscos para “fugir de conflitos e outras situações extremas”. “Não creio que não salvar as pessoas no mar seja a solução para este problema, quer do ponto de vista ético, quer do ponto político”.

Boldrini, que tem mantido um duelo verbal com Matteo Salvini, comentou o último naufrágio no Mediterrâneo à margem da apresentação do seu livro, “O Olhar Distante”, onde defende a sua tese de que a imigração é consequência directa da globalização. “Primeiro, quero expressar as minhas condolências a todas as vítimas. E depois quero dizer que se deve fazer um esforço adicional nas operações de socorro e salvamento marítimo”, contrapôs Laura Boldrini, que já ocupou o cargo de porta-voz do alto-comissariado da ONU para os Refugiados.

Para a deputada da Forza Italia Giorgia Meloni, que foi ministra da Juventude num Governo de Berlusconi, a solução passa por impedir o acesso dos barcos que saem do Norte de África em direcção a Itália. “Devem ser imediatamente inspeccionados. E aqueles que pertenceram aos traficantes e contrabandistas devem ser imediatamente afundados”, defendeu.