Costa acusa Governo de romper consenso em torno do Serviço Nacional de Saúde

Foto
António Costa pretende ser presidente da AML Enric Vives-Rubio

No encerramento da conferência "Promover a Saúde", que decorreu no Porto, neste sábado, António Costa disse que "restabelecer esse consenso em torno do SNS é absolutamente essencial" porque sem ele não está garantida "a sua sustentabilidade e dificilmente os portugueses continuarão a beneficiar daquilo que tem sido possível beneficiarem ao longo de todos estes anos".

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

No encerramento da conferência "Promover a Saúde", que decorreu no Porto, neste sábado, António Costa disse que "restabelecer esse consenso em torno do SNS é absolutamente essencial" porque sem ele não está garantida "a sua sustentabilidade e dificilmente os portugueses continuarão a beneficiar daquilo que tem sido possível beneficiarem ao longo de todos estes anos".

"É com muita preocupação que eu vi esta semana, depois de uma polémica com o Instituto Nacional de Estatística sobre a redução do número de camas nos hospitais públicos, o Governo vir explicar que essa redução não resulta de uma diminuição da despesa, mas simplesmente da transferência da despesa dos hospitais públicos para os hospitais privados, como se o SNS não necessitasse de uma intervenção constante, de um investimento sustentado no serviço público do SNS", disse.

Na opinião do líder socialista, isto é "romper este consenso que se estabeleceu ao longo de todas estas décadas", o que "não é saudável para o país e seguramente terá custos na saúde dos portugueses".

António Costa, que não quis prestar declarações aos jornalistas à margem do discurso, realçou que os "resultados fundamentais que se podem obter na governação do país raramente dependem de uma única legislatura" e deu o "bom exemplo" do SNS, no qual essa estabilidade é fundamental.

"Foi a continuidade de políticas que permitiu obter os excelentes resultados que o SNS tem obtido, veja-se o caso da saúde materno-infantil, e que teria sido absolutamente impossível se durante décadas sucessivos governos não tivessem trabalhado para um fim comum", defendeu.

Para o secretário-geral do PS, investir na promoção da saúde e "agir a montante" é a melhor forma e a mais sustentável de reduzir os custos nesta área. O responsável rejeitou que se corte na prevenção, uma vez que assim, apesar de se poupar no orçamento, está a diminuir-se a saúde das pessoas, o que acaba por "constituir um custo".

Costa considerou que esse esforço na promoção da saúde deve mobilizar toda a sociedade, tendo, depois de ouvido as intervenções de alguns especialistas, destacando cinco áreas de intervenção fundamentais, uma delas o combate ao tabagismo. Neste caso, deu o seu exemplo pessoal da dificuldade que teve em deixar de fumar.

O líder socialista afirmou ser "muito importante que haja apoio para libertação do tabagismo" e apontou a importância de alargar a cada centro de saúde e a cada hospital as consultas antitabágicas, defendendo também que os medicamentos para este combate possam ser comparticipados.

Costa quer ainda investir na educação para a saúde ao nível da escola, porque isso é "reproduzir agentes de formação dentro de cada família", sendo a escola também um "veículo importante para a alteração dos próprios hábitos".

Outra das áreas de intervenção tem a ver com a alteração dos hábitos alimentares dos portugueses, que o líder socialista entende ser um desafio "mas também uma oportunidade para o desenvolvimento do território", concretamente em termos de promoção da agricultura.

A actividade física para ter uma vida mais saudável é outro dos eixos de ação defendidos, considerando António Costa que é um "desafio enorme, em particular para as autarquias, repor a atividade física no circuito normal".

Relacionando esta actividade com questões da mobilidade, o socialista antecipou que "as cidades vão passar os próximos 50 anos a habituarem-se à desabituação do automóvel".