Candidatura de Marcelo a Belém é para ponderar a partir de Outubro

Antigo líder do PSD considera que recusa de Guterres é "uma perda para o PS, para a esquerda em geral e para uma parte significativa dos portugueses". Nas comemorações dos 40 anos do PSD de Beja, Matos Correia disse não querer o país nas mãos do "númeo dois de Sócrates".

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Instado pelos jornalistas a comentar a decisão de António Guterres de se recusar a ser o “candidato a candidato” à Presidência da República, o jurista e comentador considerou-a “um cenário plausível”, tendo em atenção os sinais que o antigo primeiro-ministro foi transmitindo desde que uma tal hipótese se lhe colocou, e que “já tinha dado a entender” que poderia não anuir ao desafio.

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Instado pelos jornalistas a comentar a decisão de António Guterres de se recusar a ser o “candidato a candidato” à Presidência da República, o jurista e comentador considerou-a “um cenário plausível”, tendo em atenção os sinais que o antigo primeiro-ministro foi transmitindo desde que uma tal hipótese se lhe colocou, e que “já tinha dado a entender” que poderia não anuir ao desafio.

Marcelo disse que se trata de uma decisão irreversível dada a forma “categórica” como Guterres vincou a sua posição. E considerou que se trata de “ uma perda para o PS, para a esquerda em geral, e, porventura, para uma parte significativa dos portugueses”. Admitiu ainda que “teria gostado que ele fosse candidato presidencial e até Presidente da República”, destacou o antigo dirigente do PSD.

Reagindo à questão que lhe foi colocada sobre se o confronto eleitoral com António Guterres seria um “desafio interessante” o comentador disse que “pelo menos, para um já não é possível”. Já em relação ao outro [ele próprio], “veremos se é possível”, mas “só em Outubro” reafirmou.   

Sobre a demasiada exposição que está a ser dada às candidaturas presidenciais, Marcelo lembrou o que disse “muito prudentemente Pinto Balsemão” ao destacar que “não há razão para haver uma fuga para a frente em relação a candidaturas presidenciais”. O antigo líder do PSD frisou que “a grande escolha dos portugueses este ano é sobre quem vai governar o país numa situação muito difícil, acabado de sair da crise, sem saber o que se vai passar na Europa com a Grécia”.

Há, por isso, ainda tempo para decidir já que, primeiro, o país vai ter eleições legislativas e que “quem governa é o Governo e não o Presidente da República”. “Estar a ponderar nesta altura faz mal à cabeça”, brincou Marcelo Rebelo de Sousa.

Vice do PSD não quer país nas mãos do número dois de Sócrates
No encontro dos sociais-democratas, o vice-presidente do partido, José de Matos Correia, defendeu que os portugueses têm uma escolha a fazer: “Ou querem a continuação da actual política do Governo”, ou então o país “volta para as mãos daquele que foi número dois do Governo de José Sócrates”, referindo-se a António Costa.

Para suportar este argumento, o dirigente social-democrata recorreu a uma afirmação proferida pelo primeiro-ministro francês Manuel Valls quando este destacou que em Portugal “o desemprego baixou, as exportações aumentaram, as finanças públicas melhoraram e o país beneficia da confiança dos financiadores”.

Para Matos Correia, a “verdade de Portugal é esta” porque “tivemos um primeiro-ministro que disse aos portugueses que os sacrifícios iriam valer a pena para garantir um futuro melhor”. E o que disse Manuel Valls “é prova disso”, acentuou o dirigente social-democrata, alertando os cerca de 600 militantes e simpatizantes que encheram o Cineteatro Pax-Júlia, em Beja, para as insistentes “tentativas de encostar o PSD à direita quando é um partido social-democrata que continua fiel” ao ideário de Sá Carneiro.

“Percebe-se porque querem encostar o PSD à direita”, insistiu o vice-presidente lembrando como Portugal se “habituou durante muitos anos” a considerar a área económica, tal como outras áreas, “intocável, com pessoas para quem havia sempre apoios, subsídios e as portas do poder estavam sempre abertas”.

Esta realidade, segundo Matos Correia, já não existe, afirmando que o seu partido “democratizou Portugal, transformando-o num Estado mais solidário e numa sociedade mais livre e menos dependente”.

Perante este quadro de referências, o dirigente social-democrata não tem dúvidas: a vitória nas eleições legislativas está ao “alcance” do partido. Dirigindo-se aos militantes do seu partido, exortou-os a “não terem vergonha nem receio” do rumo dado ao país pela governação de Pedro Passos Coelho.