Guterres garante que não se candidata à Presidência da República
Comissário das Nações Unidas diz que prefere o tipo de função que tem actualmente à intervenção política. Para Freitas, Guterres seria um grande Presidente. Balsemão alerta PSD para não cometar os mesmos erros do PS sobre presidenciais e aconselha calma.
Numa entrevista que aquele canal de televisão deverá emitir em breve - mas ainda não revelou data - e que foi gravada esta sexta-feira em Bruxelas, António Guterres é questionado sobre o que pretende fazer no futuro uma vez que o seu nome é apontado como possível candidato, e responde que pretende continuar o seu serviço público mas não na área da política representativa.
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Numa entrevista que aquele canal de televisão deverá emitir em breve - mas ainda não revelou data - e que foi gravada esta sexta-feira em Bruxelas, António Guterres é questionado sobre o que pretende fazer no futuro uma vez que o seu nome é apontado como possível candidato, e responde que pretende continuar o seu serviço público mas não na área da política representativa.
"Sempre me interessei pelo serviço público e pretendo continuar a fazê-lo. Mas o que gosto mais de fazer é o tipo de função que tenho actualmente, que me permite ter uma acção permanente e direta sobre o que se passa no terreno”, afirmou António Guterres, citado no site da Euronews.
E estas funções que agora desempenha - e para as quais teve o seu mandato alargado até Dezembro - não correspondem àquelas que é preciso cumprir na vida política activa. "Que são muito importantes do ponto de vista do equilíbrio de um país, de garantir a sua estabilidade", realçou António Guterres, mas "não permitem a mesma acção diária para, como acontece actualmente, ajudar pessoas que precisam dramaticamente de ajuda e do nosso apoio”, justificou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que esteve em Bruxelas reunido com representantes da Comissão Europeia para discutir a situação dos refugiados sírios.
O nome de António Guterres tem sido avançado por diversos socialistas e até alguns elementos do PSD como um nome de peso à esquerda para a lista de presidenciáveis.
Freitas apoiaria
Ainda esta sexta-feira, o antigo líder do CDS-PP, Freitas do Amaral, considerou que Guterres seria um grande Presidente da República e que essa é uma ideia partilhada por muitos portugueses, mesmo que não da área socialista. "O problema é se ele não quer. E ele tem todo o direito de não querer ser candidato", avisou Freitas do Amaral.
À margem do Encontro Internacional de Causas e Valores da Humanidade, que decorreu em Fafe, o ex-ministro admitiu aos jornalistas que gostaria que ver António Guterres disputar as presidenciais com Marcelo Rebelo de Sousa. Seria uma batalha "interessante", entre "duas personalidades de grande relevo, bem conhecidas do povo português, que podia assim fazer uma escolha muito consciente e fundamentada", argumentou, realçando que ambos têm várias décadas de experiência política.
Balsemão aconselha prudência ao PSD
Tendo em conta o alargamento constante das listas de presidenciáveis e dos que já anunciaram que se vão candidatar, o fundador do PSD Francisco Pinto Balsemão alertou na quinta-feira, nos Açores, o partido para não cometer os erros que estão a ser cometidos pelo PS em termos de eleições presidenciais, alegando que seria "muito mau" seguir o caminho socialista.
"As consequências no PS estão à vista, por isso, parece-me que seria muito mau que o PSD seguisse o mesmo caminho. É melhor não cometer os erros que estão a ser cometidos no PS", disse, sem precisar a que erros se referia, Francisco Pinto Balsemão aos jornalistas, à entrada para a cerimónia de encerramento dos 40 anos do PSD/Açores, em Ponta Delgada.
Paulo Morais, antigo vice-presidente da Câmara Municipal do Porto na governação de Rui Rio anunciou na quinta-feira que se irá candidatar à corrida a Belém, depois do socialista Henrique Neto, que já apresentou a sua candidatura.
O antigo primeiro-ministro e militante número um do PSD escusou-se a revelar qual seria o seu candidato preferido para as presidenciais, alegando que "tudo tem o seu tempo", apesar de reconhecer que o tema está já na ordem do dia e "as coisas estão a acelerar".
Na sua intervenção na sede do PSD/Açores em Ponta Delgada, Francisco Pinto Balsemão vincou que "os partidos políticos são essenciais para a democracia" e que quem pensa ao contrário "está enganado".
"Não se inventou ainda outra fórmula de encontrar uma representatividade democrática de maneira que o poder político funcione através de eleições livres", referiu o social-democrata, acrescentando que a democracia "pode e deve adaptar-se às novas tecnologias", propondo, por exemplo, o voto electrónico. Pinto Balsemão alertou que as redes sociais não substituem os partidos políticos, que os níveis de abstenção são gravíssimos e que estão a surgir movimentos de "características variadíssimas", mas que não têm um programa.
"Os partidos existem para apresentarem programas eleitorais, programas de governo, para apresentarem e defenderem programas em eleições. Compete aos partidos tomarem as iniciativas que robusteçam uma democracia enfraquecida", afirmou Francisco Pinto Balsemão, acrescentando que "os partidos não podem olhar só para o seu umbigo". E defendeu que, em seu entender, é necessário mostrar aos abstencionistas que os partidos têm de existir a bem da democracia.
O histórico do PSD vincou que a revisão constitucional já deveria ter ocorrido, assim como a lei eleitoral já deveria ter sido actualizada e que não o fazer "é brincar com o fogo". com Lusa