Cem anos depois a revista Orpheu anda à solta em Coimbra
A revista Orpheu teve vida curta nas bancas. Nascida para ser trimestral, em Março de 1915, falhou-lhe o financiamento logo para o terceiro número. Mas, um século depois, continua viva e à solta em tertúlias, espectáculos e leituras encenadas nos palcos de Coimbra
Talvez se não aparecessem na ficha técnica os nomes de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, enquanto director e subdirector da Orpheu, a Revista Trimestral de Literatura publicada em Lisboa em finais de Março de 1915 tivesse notoriedade tão efémera quanto a a sua existência física, e morreria ao fim dos dois números que viram a estampa. Bem pelo contrário, dirão outros, é porque houve Orpheu, que Mario Sá Carneiro e Fernando Pessoa(e ainda Almada-Negreiros e Santa-Rita Pintor) são reconhecidos como os fundadores do movimento do modernismo em Portugal.
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Talvez se não aparecessem na ficha técnica os nomes de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, enquanto director e subdirector da Orpheu, a Revista Trimestral de Literatura publicada em Lisboa em finais de Março de 1915 tivesse notoriedade tão efémera quanto a a sua existência física, e morreria ao fim dos dois números que viram a estampa. Bem pelo contrário, dirão outros, é porque houve Orpheu, que Mario Sá Carneiro e Fernando Pessoa(e ainda Almada-Negreiros e Santa-Rita Pintor) são reconhecidos como os fundadores do movimento do modernismo em Portugal.
Seja como for - e, na verdade, ambas as elocuções podem ser verdadeiras - é um facto que a revista Orpheu, e a Geração que lhe deu o nome, continua a ser celebrada. E em Coimbra as celebrações vestem-se de muitas formas, como, por exemplo, de leituras encenadas, como a que animou o Teatro Académico Gil Vicente na segunda feira, dia 7, uma organização da reitoria da Universidade de Coimbra, no âmbito dos 175 anos da Universidade, e com produção da oficina de Poesia Os Controversos. Ou, ainda, com espectáculos experimentais como aquele que o colectivo DEMO leva ao salão Brasil, dias 9 e 10, em conjunto com o grupo Jazz ao Centro, no âmbito de uma investigação multidisciplinar em torno de Camilo Pessanha: o espectáculo Hydra & Orpheu.
O espectáculo HYDRA & ORPHEU surge de um projecto de explora a relação do movimento do corpo com a música e o espaço. É dança, é poesia, é música . É “um espectáculo que nos puxa gravitacionalmente para o futuro da atualidade, através de uma inspiração num passado historicamente marcante”, lê-se na sinopse.
O projecto multidiscilinar em torno da influência de Camilo Pessanha na Geração de Orpheu - e que leva o nome de “Inscrição”, roubado ao primeiro poema do livro “Clepsidra”, de Pessanha - passa por várias iniciativas que vão marcar a agenda da semana cultural promovida pela Universidade de Coimbra. Entre elas uma exposição de fotografia, e várias tertúlias organizadas pela Casa da Escrita. A próxima é dia 11 de Abril.