Quénia bombardeia bases da Al-Shabab na Somália

Raides concentraram-se em áreas próximas da fronteira. Ataque surge em resposta ao massacre na Universidade de Garissa.

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Segurança no Quénia foi reforçada depois de ataque da Al-Shabab Thomas Mukoya / Reuters

O início da operação militar foi confirmado à BBC pelo porta-voz das Forças de Defesa do Quénia, David Obonyo, mas não foram dados mais pormenores. Uma fonte militar disse à Reuters que os bombardeamentos se concentraram em duas bases ligadas ao grupo islamita, em Gondodowe e Ismail, ambos na região de Gedo, na fronteira com o Quénia. Não foi dada qualquer estimativa no que respeita ao número de baixas devido à pouca visibilidade causada pelas nuvens. É a partir das duas instalações perto da fronteira queniana que os comandos terroristas têm penetrado no país, segundo as informações recebidas pelo exército.

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O início da operação militar foi confirmado à BBC pelo porta-voz das Forças de Defesa do Quénia, David Obonyo, mas não foram dados mais pormenores. Uma fonte militar disse à Reuters que os bombardeamentos se concentraram em duas bases ligadas ao grupo islamita, em Gondodowe e Ismail, ambos na região de Gedo, na fronteira com o Quénia. Não foi dada qualquer estimativa no que respeita ao número de baixas devido à pouca visibilidade causada pelas nuvens. É a partir das duas instalações perto da fronteira queniana que os comandos terroristas têm penetrado no país, segundo as informações recebidas pelo exército.

Na quinta-feira, atiradores ligados à Al-Shabab entraram no campus da Universidade de Garissa, onde foram matando os estudantes cristãos que encontravam. O sequestro de 12 horas saldou-se pela morte de 148 pessoas e chocou o país. O incidente levantou também questões relacionadas com as condições de segurança, numa altura em que eram públicos os receios de que um ataque do género estivesse iminente. A polícia deteve cinco suspeitos de terem participado no ataque, incluindo uma pessoa que foi identificada como um dos guardas da universidade. As forças de segurança confirmaram igualmente que um dos autores do ataque – que foi abatido durante a operação policial – era um jovem licenciado em direito, filho de um governante provincial e tinha tentado viajar para a Síria, tendo acabado por se juntar à Al-Shabab.

O grupo ligado à Al-Qaeda ameaçou continuar na senda dos ataques no Quénia, dizendo que vai lançar “uma guerra longa e terrível”. O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, garantiu responder ao ataque “da forma mais severa possível”.

O Quénia tem uma longa história de intervenções militares no país vizinho, onde a Al-Shabab está fortemente implantada. Desde 2007 que o exército queniano participa na missão de cerca de 22 mil homens da União Africana na Somália que tem o objectivo principal de “reduzir a ameaça colocada pela Al-Shabab e outros grupos armados oposicionistas” e apoiar o Governo internacionalmente reconhecido de Mogadíscio.

O grupo islamita justificou o ataque à universidade precisamente pela participação do Quénia na missão militar na Somália. A mesma justificação foi dada depois do ataque que matou 67 pessoas no Centro Comercial de Westgate, em Nairobi, em 2013.

Ataques aéreos semelhantes foram realizados em Junho do último ano pelo Quénia. O correspondente da BBC em Nairobi escrevia que a crença generalizada é a de que os bombardeamentos servem apenas para mostrar à opinião pública que o Governo queniano está a tentar responder à ameaça colocada pela Al-Shabab e que os seus efeitos práticos serão muito limitados.

Em 2011, o Quénia lançou a mais vasta operação militar, denominada Linda Nchi, no Sul da Somália em retaliação pelo rapto de vários turistas e trabalhadores humanitários pela Al-Shabab. Na altura, a decisão de Nairobi foi vista como “apressada” e os EUA e o Reino Unido tentaram demover o Governo queniano de intervir, receando um aumento do desejo de retaliação do grupo terrorista.

Num artigo publicado no site da CNN, o professor de Segurança Internacional na Universidade de Birmingham, Stefan Wolff, notava que o confronto militar não é suficiente para conter a Al-Shabab e a sua influência na região. “Não haverá nenhuma solução duradoura para os amplos problemas de segurança da região sem um esforço abrangente e concertado para resolver os problemas de exclusão de que sofrem os cidadãos dos países ameaçados pela Al-Shabab.