Um dos autores do massacre de Garissa era filho de dirigente político

Autoridades quenianas identificaram um dos atiradores como o filho de um líder provincial que tinha fugido de casa para se juntar ao grupo jihadista.

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Uma sobrevivente do ataque à universidade é confortada por uma colega Tony Karumba / AFP

O Ministério do Interior confirmou este domingo a identidade de um dos atiradores que foi abatido durante o massacre na Universidade de Garissa, em que foram mortas 148 pessoas. Trata-se de Abdirahim Mohamed Abdullahi, filho de Abdullahi Daqara, representante administrativo do Governo na província de Mandera, no Nordeste do país, junto à fronteira com a Somália.

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O Ministério do Interior confirmou este domingo a identidade de um dos atiradores que foi abatido durante o massacre na Universidade de Garissa, em que foram mortas 148 pessoas. Trata-se de Abdirahim Mohamed Abdullahi, filho de Abdullahi Daqara, representante administrativo do Governo na província de Mandera, no Nordeste do país, junto à fronteira com a Somália.

“O pai comunicou aos agentes de segurança o desaparecimento do filho (…) e estava a ajudar a polícia a encontrar o filho quando o ataque terrorista em Garissa aconteceu”, disse à Reuters o porta-voz do Ministério do Interior, Mwenda Njoka.

Abdullahi tinha terminado o curso de Direito na Universidade de Nairobi em 2013 e era descrito por amigos e colegas como “um futuro brilhante advogado”, de acordo com o blogue de Yassin Juma, um jornalista veterano, citado pela imprensa queniana.

Fontes próximas dizem que o jovem se juntou à Al-Shabab – o braço somali da Al-Qaeda que reivindicou o ataque à Universidade de Garissa – depois de ter tentado viajar para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico. Abdullahi pertencia à tribo Degodia, com origem somali maioritária em Mandera – uma província com cerca de 53 mil habitantes e conhecida pelos confrontos étnicos entre os Degodia e os Garre.

“Ele era uma pessoa muito inteligente e talentosa. Eu sabia que ele se tinha juntado à Al-Shabab mas não esperava que matasse aquelas pessoas inocentes”, disse um antigo colega de liceu.

O presumível “cérebro” do atentado em Garissa, Mohamed Mohamud – um operacional da Al-Shabab que chegou a dirigir uma escola corânica – é também suspeito pelas autoridades quenianas de estar por trás de dois ataques no ano passado na cidade de Mandera, capital da província com o mesmo nome. O Governo de Nairobi oferece uma recompensa de 200 mil euros a quem capturar Mohamud.

No sábado, o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, qualificou a Al-Shabab como uma “ameaça existencial” para o país e prometeu uma resposta da forma “mais severamente possível”. “A radicalização que dá origem ao terrorismo tem lugar (…) nas escolas corânicas, nas casas e nas mesquitas com os imãs [líderes religiosos muçulmanos] sem escrúpulos”, afirmou Kenyatta.

A polícia deteve cinco suspeitos de terem participado no ataque, três dos quais tentavam atravessar a fronteira para a Somália.

O ataque da Al-Shabab foi justificado pela participação do Quénia na missão da União Africana na Somália que tenta combater o grupo islamita. Numa mensagem revelada neste sábado, o grupo prometeu lançar “uma longa e terrível guerra” no país, cujas cidades ameaça encher “de vermelho de sangue”.