Nove dias e 500 mortos depois, discute-se “pausa humanitária” no Iémen
Os 15 membros do Conselho de Segurança vão debater possível interrupção temporária dos bombardeamentos da coligação árabe sobre o Iémen. Último balanço da ONU aponta para mais de 500 mortos nas últimas duas semanas.
Segundo várias fontes diplomáticas, a Rússia vai trazer à mesa do órgão da ONU neste sábado em Nova Iorque este sábado uma proposta para fazer cessar os bombardeamentos sobre o território iemenita. Há nove dias consecutivos que uma coligação de países árabes, liderada pela Arábia Saudita, tem bombardeado posições das milícias xiitas huthis – que ocupam a capital, Sanaa, e outras regiões do país.
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Segundo várias fontes diplomáticas, a Rússia vai trazer à mesa do órgão da ONU neste sábado em Nova Iorque este sábado uma proposta para fazer cessar os bombardeamentos sobre o território iemenita. Há nove dias consecutivos que uma coligação de países árabes, liderada pela Arábia Saudita, tem bombardeado posições das milícias xiitas huthis – que ocupam a capital, Sanaa, e outras regiões do país.
Em duas semanas de combates, morreram 519 pessoas e 1700 ficaram feridas, de acordo com o último balanço oficial da ONU, revelado na quinta-feira. Entre as vítimas mortais, cerca de 90 eram crianças, disse a sub-secretária-geral para os Assuntos Humanitários, Valerie Amos.
A pausa nos ataques aéreos destina-se a facilitar o acesso das equipas médicas e de ajuda humanitária aos locais mais afectados pelos bombardeamentos. O Comité Internacional da Cruz Vermelha fez um apelo no mesmo sentido e disse estar a negociar com todas as partes envolvidas a entrega de equipamento e pessoal médico.
Antes, a Cruz Vermelha tinha acusado os países da coligação árabe de estarem a bloquear a chegada da ajuda, mas os últimos relatos apontavam para “desenvolvimentos positivos” nas negociações.
O chefe da missão do CICV no Iémen, Cedric Schweizer, afirmou que as equipas médicas devem poder trabalhar de forma segura. “Eles estão a tentar levar os feridos para o hospital e a recolher os cadáveres das ruas de Áden, especialmente para que as famílias possam fazer descansar os seus entes queridos e dar-lhes funerais apropriados”, disse o responsável.
A cidade portuária do Sul – alcançada recentemente pelos huthis – tem sido das mais fustigadas pelos ataques aéreos. Pelo menos 185 pessoas foram mortas e há mais de 1200 feridos, revelou à cadeia televisiva Al-Jazira o director do departamento de saúde de Áden, Al-Khedar Lassouar. O balanço não inclui vítimas entre os rebeldes e os seus aliados.
“As reservas de medicamentos estão esgotadas e os hospitais não conseguem lidar com o número crescente de vítimas”, disse Lassouar.
A Arábia Saudita juntou uma coligação de mais nove países árabes e desde 26 de Março que tem bombardeado o Iémen a pedido do Presidente, Abd-Rabbu Mansour Hadi, cuja autoridade sobre o país é praticamente nula desde a tomada do poder pelos rebeldes huthis. Para Riad, a expansão do poder da milícia xiita – que diz ser apoiada pelo Irão – representa uma ameaça aos seus interesses na região.