Ucrânia e Rússia assinam novo acordo para fornecimento de gás
Pacote para o próximo trimestre vai custar menos a Kiev, mas mantém-se a exigência de pagamentos adiantados.
A apenas quatro dias do primeiro aniversário da guerra no Leste da Ucrânia, que opõe as forças do Governo de Kiev aos separatistas pró-russos das províncias de Lugansk e Donetsk, os governos dos dois países voltaram a encontrar margem de manobra para negociar o fornecimento de gás.
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A apenas quatro dias do primeiro aniversário da guerra no Leste da Ucrânia, que opõe as forças do Governo de Kiev aos separatistas pró-russos das províncias de Lugansk e Donetsk, os governos dos dois países voltaram a encontrar margem de manobra para negociar o fornecimento de gás.
Em 2009, a Ucrânia e a Rússia assinaram um acordo para os dez anos seguintes, mas a queda do ex-Presidente ucraniano Viktor Ianukovich e a consequente crise entre os dois países, na viragem de 2013 para 2014, levou a uma maior instabilidade nas negociações trimestrais.
Nos primeiros três meses de 2015, a Rússia vendeu gás à Ucrânia a 329 dólares (305 euros) por mil metros cúbicos, no âmbito do chamado "pacote de Inverno"; para Abril, Maio e Junho esse valor foi fixado em 248 dólares (230 euros).
Comparando com a média dos preços praticados no ano passado, a Alemanha, que é o maior comprador da União Europeia (UE), pagou 379 dólares (352 euros) e a Polónia pagou 526 dólares (489 euros). Fora da UE, a Bielorrússia pagou apenas 166 dólares (154 euros) e a Macedónia pagou 564 dólares (524 euros). Em meados do ano passado, a Ucrânia chegou a pagar 495 dólares (450 euros).
O novo preço é a única alteração ao acordo que vigorou no primeiro trimestre entre as empresas estatais dos dois países – a ucraniana Naftogaz e a gigante russa Gazprom. Apesar da redução do preço, a Ucrânia terá de continuar a fazer pagamentos adiantados para poder receber o gás russo.
O ministro da Energia ucraniano, Volodimir Demshishin, congratulou-se com o entendimento alcançado nesta quinta-feira, dizendo que foi uma "vitória" da abordagem económica entre as empresas estatais sobre as questões políticas.
Ao mesmo tempo que negoceiam acordos trimestrais, as delegações dos dois países tentam encontrar uma solução mais duradoura para o fornecimento de gás. Apesar de ainda não haver sinais de um entendimento a longo prazo, o ministro ucraniano disse que espera assinar ainda este mês um acordo para vigorar até ao final de Março de 2016.
O "pacote de Inverno" já tinha reflectido uma redução de 100 dólares (93 euros) por mil metros cúbicos em relação ao que tinha vigorado no trimestre anterior, mas esse acordo chegou ao fim no dia 31 de Março. O novo acordo só foi assinado nesta quinta-feira, mas não chegou a haver qualquer corte no fornecimento de gás à Ucrânia.
A instabilidade dos preços (agravada após o início da crise na Ucrânia) tem provocado graves problemas à economia ucraniana, e afectou também o fornecimento de gás a vários países da União Europeia – cerca de 40% do gás russo que chega a estes países passa pela Ucrânia.