Houve um erro e o PSD voltou a ter a maioria absoluta na Madeira
Erro informático obrigou a nova análise dos votos quando já tinha sido publicado um edital a tirar a maioria ao PSD.
A Madeira não é a Estado da Flórida. Nem os madeirenses viveram uma réplica de uma disputa presidencial nos Estados Unidos tão controversa como em 2000 entre Bush e Al Gore que obrigaram a uma recontagem de votos nesse estado norte-americano. Mas uma coisa é certa. Foi uma noite longa e extremamente controversa. E na Madeira pode acontecer quase tudo. Até uma assembleia de apuramento de resultados contribuir para confusão e desacreditação do sistema, e que um partido eleito, neste caso o PSD-Madeira, possa festejar a vitória duas vezes em menos de três dias. Mas foi o que aconteceu.
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A Madeira não é a Estado da Flórida. Nem os madeirenses viveram uma réplica de uma disputa presidencial nos Estados Unidos tão controversa como em 2000 entre Bush e Al Gore que obrigaram a uma recontagem de votos nesse estado norte-americano. Mas uma coisa é certa. Foi uma noite longa e extremamente controversa. E na Madeira pode acontecer quase tudo. Até uma assembleia de apuramento de resultados contribuir para confusão e desacreditação do sistema, e que um partido eleito, neste caso o PSD-Madeira, possa festejar a vitória duas vezes em menos de três dias. Mas foi o que aconteceu.
Primeiro, a surpresa de uma reviravolta eleitoral. As declarações dos partidos da oposição, com excepção do CDS que recusou, desde o primeiro minuto, comentar o novo figurino, um partido que passou a campanha a pedir ao eleitorado para retirar a maioria absoluta ao PSD, e uma JPP a recusar “quaisquer acordos de governo para ajudar o PSD”, tal como garantiu ao PÚBLICO, Élvio Sousa, numero 1 da lista eleita para o parlamento regional com 5 mandatos. Afinal, ficou tudo como estava. A folha de excel mantém-se com a mesma distribuição.
Miguel Albuquerque inicialmente prestou declarações no sentido de que iria governar sem maioria, garantindo que se encontrava “sereno e sem dramas”. O próprio PS, pela voz do deputado socialista, Carlos Pereira, reagia à noticia desafiando um partido sem líder – Victor Freitas pedia a demissão na nova eleitoral devido aos humilhantes resultados da Coligação Mudança – no sentido de ser claro e informar a população se iria apoiar um governo de Albuquerque sem maioria absoluta, defendeu no facebook.
"Perante a catástrofe económica e social que se vive na região da responsabilidade deste partido, o PS-M não deve viabilizar o programa de governo a apresentar no Parlamento da região e, sobretudo, deve apresentar uma moção de rejeição a este programa", adiantou o homem que é apontado como um possível sucessor de Victor Freitas. Advogou, ainda, que os restantes partidos assumam as suas responsabilidades e reflictam sobre qual deles quer apoiar a solução a encontrar pelo governo do PSD. “Aliás, esta notícia surpreendente (ou talvez não) diz muito (ou mesmo tudo) do "regime democrático" da Madeira", sublinhou. Tudo comentários que poderão ser apagados, ou talvez não.
Porquê esta baralhada? Simplemente, o esquecimento de incluir os dados da ilha do Porto Santo para cálculo na distribuição pelo método de Hondt alterou, inicialmente, todo o cenário. Só que afixou o edital dando a CDU como principal partido vencedor deste braço-de-ferro e quem deu pelo erro, apurou o PUBLICO, foi o staff do PSD, nomeamente Rui Abreu, atual secretário-geral do partido, um homem batido com contas eleitorais.
Alertada a CNE, toca a reunir outra vez, introduzir novamente os dados e voltar a emitir uma acta que anulou a anterior e que levaram a festejos breves da CDU, nomeadamente através das redes sociais. Dizia-se, inclusive, que tinha havido uma “revolução na Madeira”. Os cinco votos que a CDU reivindicava desde a noite das eleições no passado domingo e que pretendia “resgatar” do pacote dos nulos para eleger o 3.º deputado e retirar a maioria absoluta ao PSD, porque é "o que resulta do método de Hondt, já que o último deputado eleito foi o vigésimo quarto do PSD", não vingou. <_o3a_p>
Até muito tarde a incógnita seria revelada. Primeiro com um erro. Depois com mais uma certeza que ainda merece recurso. As críticas recaiem agora sobre a comissão de verificação da Assembleia de Apuramento Geral de votos que reuniu todo o dia nas instalações do Palácio de São Lourenço (representação da República) responsável pelo balde de água fria nas hostes “laranja” e pela euforia momentânea dos comunistas e da generalidade da esquerda.
Na análise aos boletins nulos e protestados em mesa, presidida por um juiz de comarca, presentes não só membros da CNE como dos partidos e coligações candidatos às legislativas de domingo e que atribuiram maioria ao PSD, 24 deputados num total de 47. Uma reunião tensa entre representantes dos partidos, tendo sido necessário apaziguar os ânimos entre CDU e PSD. A novela promete ainda novos episódios com os comunistas a exigirem uma recontagem global dos votos e o recurso para o Tribunal Constitucional.