Nigéria espera resultado das presidenciais em clima de alta tensão

Já estão contados os votos de oito estados e da capital, mas estes resultados parciais não servem de indicador sobre quem será o vencedor.

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à espera do resultado em Lagos Joe Penney/Reuters

Muahammadu Buhari, muçulmano, do Norte, antigo dirigente militar que governou o país durante 18 pesados meses no início da década de 1980, concorre pela quarta vez e naquela que teria uma hipótese mais forte de vencer. Concorre contra o actual Presidente, Goodluck Jonathan, cristão, do Sul, que está no poder desde 2009. 

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Muahammadu Buhari, muçulmano, do Norte, antigo dirigente militar que governou o país durante 18 pesados meses no início da década de 1980, concorre pela quarta vez e naquela que teria uma hipótese mais forte de vencer. Concorre contra o actual Presidente, Goodluck Jonathan, cristão, do Sul, que está no poder desde 2009. 

A Comissão Eleitoral Independente anunciou que estavam contados os votos em oito dos 36 estados nigerianos, assim como os da capital federal, Abuja. Buhari venceu cinco e Jonathan três e a capital federal. Mas Jonathan tinha vantagem no número de votos e nos estados contados tinha mais 20 mil do  que o rival.

O vencedor terá que conseguir obter a maioria dos votos expressos, o que significa vencer dois terços dos 36 estados.

O Partido Popular Democrático (PPD) de Jonathan domina a política nigeriana desde 1999, quando acabou o regime militar. Mas o PPD sempre teve a tradição de alternar um Presidente do Norte e outro do Sul — Jonathan, do Sul, ascendeu à presidência após doença do seu predecessor do Norte e venceu as primárias do partido, candidatando-se e vencendo as eleições de 2011 muito contestadas e em que violência deixou 800 mortos e 65 mil deslocados no Norte. Teme-se que nestas eleições ocorra algo semelhante, ou pior.

A vantagem de Buhari pode ser a promessa de uma acção mais decisiva contra o Boko Haram; contra si tem justamente a mão pesada que usou quando esteve no poder.

Antes ainda da divulgação dos resultados, Estados Unidos e Reino Unido fizeram um comunicado conjunto dizendo-se preocupados com possível “interferência política” na contagem dos votos das eleições que decorreram durante o fim-de-semana e foram marcadas por problemas técnicos, protestos e violência do grupo extremista Boko Haram. A votação de sábado acabou por ser estendida um dia, para domingo, em algumas zonas depois de problemas com novos leitores de cartão electrónicos, uma tecnologia que pretende tornar a fraude mais difícil. O próprio Presidente Jonathan teve de adiar o seu voto por problemas com a tecnologia (a que o seu partido se tinha oposto, lembra a BBC).

A ONU avaliou o processo como “maioritariamente pacífico” apesar de alguns ataques do movimento extremista Boko Haram (no estado de Bauchi foi mesmo declarado recolher obrigatório após combates entre os extremistas e as forças do Governo). O secretário-geral, Ban Ki-moon, elogiou a “determinação e resiliência” dos eleitores nigerianos.

Washington e Londres dizem que ainda que não tenha havido “provas de manipulação sistémica do processo” eleitoral, “há indicações perturbadoras de que o processo de recolha, em que os votos são por fim contados, possa ser sujeito a interferência política deliberada”.

Também ainda antes da divulgação de resultados já havia violência: em Port Harcourt, a cidade petrolífera do Sul, centenas de mulheres, apoiantes da oposição, pediam o cancelamento da eleição no seu estado. A manifestação foi dispersa com uma intervenção da polícia e gás lacrimogéneo. 

A oposição já disse que não aceitaria o resultado neste estado, caracterizando a votação como “uma anedota”. Por outro lado, antigos rebeldes da região já ameaçaram voltar a pegar nas armas se Jonathan não fosse reeleito. O poderoso governador do estado de Rivers, onde está Port Harcourt, passou recentemente do partido de Jonathan para a oposição.