Quem era Andreas Lubitz?
O co-piloto da Germanwings sempre sonhou voar. Levantam-se dúvidas sobre interrupção no curso da Lufthansa.
Lubitz começou o curso de piloto em 2008. Neste tema, surge um dado que pode ser relevante: o co-piloto interrompeu o curso durante vários meses, embora não se conheça a razão.
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Lubitz começou o curso de piloto em 2008. Neste tema, surge um dado que pode ser relevante: o co-piloto interrompeu o curso durante vários meses, embora não se conheça a razão.
O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, afirmou nesta quinta-feira que a paragem teria de ser justificada para que Lubitz fosse readmitido no curso, como aliás aconteceu. No entanto, Spohr disse que não teve acesso a essa justificação e ressalvou que isso pode ter acontecido por se tratar de uma justificação médica, protegida por leis de sigilo.
O grosso dos testemunhos sobre Lubitz surge do clube de aviação em que aprendeu a voar e onde se inscreveu quando tinha 14 ou 15 anos. Membros do Luftsportclub Westerwald declararam que o seu sonho sempre fora voar.
Um deles, Peter Rucker, contou à Associated Press que esteve com Lubitz durante o Outono, altura em que este se dirigiu ao clube para renovar a licença de piloto de moto-planador. “Estava feliz por trabalhar com a Germanwings”, disse Rucker, que o conheceu quando este entrou para o clube. Sobre Lubitz, Rucker afirma que era “bastante calado, mas simpático”.
“Era um tipo completamente normal”, declarou Klaus Radke, o presidente do clube de aviação, citado pelo diário britânico Independent. “Era um jovem muito bom, divertido e educado”, disse ainda.
Nada na personalidade de Andreas Lubitz parecia indicar que o homem cujo “grande sonho sempre foi ser piloto” pudesse ter deliberadamente conduzido contra as montanhas um avião com 150 pessoas a bordo. Nas palavras do jornal local Rhein-Zeitung, Lubitz teve a preseverança para atingir esse sonho: “Ele perseguiu-o determinadamente e conseguiu”.
Ao longo da conferência de imprensa da tarde desta quinta-feira, Carsten Spohr repetiu a ideia de que a Lufthansa estabelece altas exigências para os seus pilotos e que o sucedeu não foi por falta de preparação de Andreas Lubitz. “A nossa ética de trabalho é a de que não basta ter-se o treino apropriado, mas é também necessário estar psicologicamente apto”, afirmou o CEO da operadora alemã. Concluindo: “Considerou-se que ele [Lubitz] estava apto a 100 por cento em todas as áreas.”
O foco das investigações encontra-se agora nas razões que poderão ter levado Lubitz a fazer despenhar o Airbus A320 da Germanwings. A polícia alemã levou a cabo buscas à casa dos pais de Lubitz, com quem ele morava em Montabaur, assim como à casa que o co-piloto tinha em Düsseldorf.
Ao longo do dia, a revista Der Spiegel avançou com relatos de pessoas próximas a Lubitz que apontavam para a possibilidade de este ter atrevessado um período de “depressão e desgaste”. As fontes, contudo, não foram identificadas. Mas o jornal alemão sugere que esta pode ter sido a razão por detrás da suspensão do curso de piloto. Uma informação que, por ser de natureza clínica, estaria abrangida por regras de sigilo.