Os capuchinhos negros dos Storytailors com o Portugal Fashion em Lisboa

Na 36.ª edição do evento e do seu 20.ª aniversário, a moda foi ao Palácio Foz e às Carpintarias de São Lázaro com Alves/Gonçalves, Hibu e Carla Pontes.

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El Diablo, a Velha Menina, La Sayona Del e a Cabaça Dela é a colecção, as histórias à lareira são a inspiração. O título é a justaposição dos temas das histórias contadas a Luís Sanchez na Venezuela e a João Branco no Alentejo, tradições ouvidas por crianças que, tornadas designers, se traduzem em silhuetas que mantêm o traço dos Storytailors num corpete ou numa saia de princesa, mas que também se atiram à contemporaneidade.

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El Diablo, a Velha Menina, La Sayona Del e a Cabaça Dela é a colecção, as histórias à lareira são a inspiração. O título é a justaposição dos temas das histórias contadas a Luís Sanchez na Venezuela e a João Branco no Alentejo, tradições ouvidas por crianças que, tornadas designers, se traduzem em silhuetas que mantêm o traço dos Storytailors num corpete ou numa saia de princesa, mas que também se atiram à contemporaneidade.

Elas e eles entram como capuchinhos negros e a estranheza dessas figuras mistura-se com a certeza da protecção dos casacos ovulares, soltos mas densos. Guerreiros urbanos ou figuras de folclore e de fantasia em lã, pêlo, veludo e neoprene. Depois, e na presença do ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, caíram as máscaras e revelaram-se as calças largas em jersey, as blusas e os corpetes.

Os desfiles passaram pelas 21h30 para as Carpintarias de São Lázaro, na zona do Martim Moniz, onde a plataforma de jovens talentos Bloom mudou o registo à noite: linguagens urbanas e sapatos rasos, manifestos unisexo ou trabalhos que partem dos materiais para definir as formas. Os Hibu, que eram um trio e agora são a dupla formada por Marta Gonçalves e Gonçalo Páscoa, reafirmaram nesta sua terceira participação no Bloom a sua crença num vestuário sem género, para todos e todas. E causaram uma Impression #1 começando pelos estampados gráficos em fundo branco, riscas negras e formas rosa, para depois descontraírem em felpa italiana reversível cinzenta e em amarelos com vestidos para ele e ela, lãs leves e o ocasional linho. 

E no betão cru, que não disfarçava os andaimes que ainda recuperam as carpintarias, surgiu de seguida Carla Pontes, que viu a Terra do espaço. Focou-se nas órbitas dos lagos, dos vulcões, nesses movimentos concêntricos mas irregulares que a levaram a vestidos casulo esguios em lã e estampados que determinaram o formato de cada peça. 

A dupla Alves/Gonçalves encerrou o primeiro dia de quatro de Portugal Fashion num ambiente que descreve como “sombrio, romântico e introspectivo”, e em tamanho grande — silhuetas alongadas, peças soltas, cinturas cingidas, muitas direcções diferentes. Assimetrias nos vestidos, ganchos, ilhoses, laços, pêlo, brocados de seda, brilhos e padrão pied-de-poule em cores do vermelho volumoso aos dourados e azuis. 

O Portugal Fashion prossegue até sábado, já no Porto, com as colecções de Nuno Baltazar, Miguel Vieira, Luís Buchninho, Katty Xiomara, Anabela Baldaque ou o regresso de Pedro Pedro, num total de 27 desfiles.


Notícia corrigida dia 27 de Março