Eleições em Israel: reencontro e unificação dos palestinianos

Independentemente do resultado principal das eleições, estas foram um êxito para a comunidade palestiniana e os seus líderes

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Ammar Awad/Reuters

A corrida para as eleições em Israel começou com alguns percalços para os políticos palestinianos membros do Knesset. Com a iniciativa de Avigdor Lieberman do partido Yisrael Beitenu a exigir uma alteração na legislação, para evitar a entrada de pequenos partidos para o Knesset, de 2% para 3,25 %, viram-se os políticos palestinianos “forçados” a formar uma lista partidária unificada — a “Lista Conjunta” — para não serem excluídos da arena política israelita. Apesar de tal acto ter como fim a exclusão dos representantes da população palestiniana no Knesset, o resultado foi não só histórico como simplesmente impressionante. Lieberman provocou e encorajou assim a união dos líderes palestinianos.

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A corrida para as eleições em Israel começou com alguns percalços para os políticos palestinianos membros do Knesset. Com a iniciativa de Avigdor Lieberman do partido Yisrael Beitenu a exigir uma alteração na legislação, para evitar a entrada de pequenos partidos para o Knesset, de 2% para 3,25 %, viram-se os políticos palestinianos “forçados” a formar uma lista partidária unificada — a “Lista Conjunta” — para não serem excluídos da arena política israelita. Apesar de tal acto ter como fim a exclusão dos representantes da população palestiniana no Knesset, o resultado foi não só histórico como simplesmente impressionante. Lieberman provocou e encorajou assim a união dos líderes palestinianos.

O problema dos cidadãos palestinianos de Israel não são só as leis e medidas discriminatórias do Governo, mas também o desentendimento geral entre os líderes representantes dos vários grupos. Sabe-se que, para que uma e cada minoria — seja ela étnica ou religiosa — alcance a longo prazo igualdade de direitos e para que prospere economicamente é necessário que haja união. União é em si um factor de extrema importância para o sucesso de qualquer sociedade.

Desde o início que o Governo israelita tem vindo a aplicar a táctica de “dividir para governar” com sucesso. Até à presente data a única pessoa que tinha sido capaz de “remar contra a corrente” e tinha unificado a comunidade palestiniana fora Azmi Bishara, controverso pelas suas ideias e ousadia. Os anos 90 demonstraram ser o auge da política palestiniana em Israel, durante os quais esta minoria tinha grande esperança na melhoria da sua situação assim como acreditava ter o poder para mudar, progredir e influenciar a arena política do estado em que vive.

Resignação e empatia

Com os eventos de Outubro de 2000, a Segunda Intifada e posteriormente o forçado exílio de Bishara, contudo, a esperança desvaneceu e a lucidez regressou, ao tornar-se consciente de que nada nem ninguém poderia alterar o "status quo". Resignação e empatia apoderaram-se de grande parte da população civil palestiniana. Situação que se manteve até ao momento da fundação da “Lista Conjunta”. Com Ayman Odeh como “cabeça de cartaz”, esta apresentou-se interessada na situação da comunidade que representa e com vontade de lutar por uma remodelação da sociedade a todos os níveis. Odeh argumenta desde então a favor de uma sociedade multicultural com igualdade de direitos para todos os seus cidadãos, com base na coexistência e interacção.

Com este discurso — que começa no ponto onde Bishara terminou —, a esperança da comunidade palestiniana renasceu, expressando-se com um número histórico de participação eleitoral – 63,5%. O povo votou porque tem novamente a sensação de poder influenciar o futuro, a reformação do Estado e das leis que afectam a comunidade.

Independentemente do resultado principal das eleições, estas foram um êxito para a comunidade palestiniana e os seus líderes, que por fim se reencontraram, se reafirmaram e se unificaram.