Valente de Oliveira assegura continuidade na Casa da Música
Conselho de Fundadores vai decidir novo presidente da administração esta sexta-feira. Celebração do 10º aniversário decorre de 9 a 12 de Abril.
Valente de Oliveira confirmou esta semana ao PÚBLICO ter aceitado o convite que lhe foi feito pelo secretário de Estado da Cultura para renovar o mandato. “Não há nenhuma razão para eu não estar disponível. Gostei deste desafio, e a Casa está a fazer um bom trabalho”, justificou o engenheiro e ex-ministro social-democrata, que, em 2012, substituiu Artur Santos Silva na presidência da Fundação Casa da Música.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Valente de Oliveira confirmou esta semana ao PÚBLICO ter aceitado o convite que lhe foi feito pelo secretário de Estado da Cultura para renovar o mandato. “Não há nenhuma razão para eu não estar disponível. Gostei deste desafio, e a Casa está a fazer um bom trabalho”, justificou o engenheiro e ex-ministro social-democrata, que, em 2012, substituiu Artur Santos Silva na presidência da Fundação Casa da Música.
Com Valente de Oliveira, vão manter-se igualmente os vice-presidentes do CF João Macedo e Silva (RAR) e José António Teixeira (Porto Editora).
Este cenário de continuidade deverá estender-se também à administração, onde se manterão os dois representantes da Estado – Augusto-Pedro Lopes Cardoso, advogado, e Jorge Manuel Castro Ribeiro, professor e musicólogo – e, pelo lado dos fundadores privados, Teresa de Moura (EDP).
Os dois únicos nomes a substituir, por razões estatutárias, são os que chegaram já ao fim do terceiro mandato – os casos de Dias da Fonseca e da vogal Maria Amélia Cupertino de Miranda. Esta, já se sabe que será substituída por Rosário Gamboa, presidente do Instituto Politécnico do Porto, em representação da Junta Metropolitana do Porto. Resta saber qual será o nome que será proposto para render Dias da Fonseca. Valente de Oliveira remeteu o anúncio do novo nome para o conselho de sexta-feira, cabendo, de resto, ao próximo elenco da administração a eleição do novo presidente, entre os seus membros.
“É uma solução de continuidade; não há razão para estar a mudar”, diz o presidente da fundação. E Valente de Oliveira aponta também para a manutenção do actual modelo de gestão da Casa da Música, com um director-geral (Paulo Sarmento e Cunha) e um director artístico (António Jorge Pacheco). “Não vamos alterar uma coisa que está a correr bem. Um trabalho deste género não se esgota num mandato, ainda por cima perturbado a meio do curso”, diz, numa referência à demissão de Nuno Azevedo, em Dezembro de 2012, em rota de colisão com a decisão do Governo de sujeitar a Fundação Casa da Música a um corte de 30% (de 10 para 7 milhões de euros) no seu orçamento anual.
Valente de Oliveira confirma, de resto, que este quadro orçamental se mantém este ano, e que não tem sido fácil compensar aquele corte. “Não está nada fácil para arranjar fundadores, nem mecenas, nem apoiantes de outra natureza”, confessa, referindo que, entre 2014 e o corrente ano foi só possível acrescentar dois novos membros à fundação: o construtor civil de Famalicão Alberto Couto Alves e a empresa Águas do Porto.
Na conferência de imprensa realizada esta quarta-feira para apresentação da programação do 10º aniversário da Casa da Música, Dias da Fonseca manifestou a convicção de que Valente de Oliveira, que classificou como “um presidente extraordinário, que conhece muito bem a cidade do Porto”, irá “resolver bem” este momento de sucessão na instituição. E defendeu também a continuidade do actual modelo de gestão e direcção artística.
“Quando aqui chegámos, em Janeiro de 2006, a nossa preocupação foi recentrar a Casa da Música na música e não na administração e nos seus nomes”, disse o presidente cessante, considerando que a Casa da Música é, passados estes dez anos, “já bem maior do que o edifício” de Rem Koolhaas, e uma instituição de qualidade europeia acima da média.
“Venham mais 10”
Num cenário em que o número “10” é omnipresente, desde as t-shirts dos funcionários até aos numerosos ecrãs que vão anunciando os próximos eventos, António Jorge Pacheco fez também o seu balanço de uma década de actividade. “Mesmo se dez anos é pouco tempo”, avançou com o slogan: “Venham + 10”.
Depois de salientar que a Casa da Música congrega quatro formações residentes (orquestras sinfónica e barroca, coro e Remix) e um Serviço Educativo (SE), o director artístico enumerou o programa para a celebração do 10º aniversário, que será centrado precisamente nas actuações das estruturas da Casa – “é uma afirmação do carácter identitário” da instituição, e uma forma de reforçar a sua auto-estima, defendeu, recusando a ideia de se tratar de uma solução de recurso no quadro de austeridade que se vive.
A abertura da Casa da Música aconteceu a 14 de Abril de 2005, com um concerto de Lou Reed. Mas a efeméride vai agora ser evocada no fim-de-semana que vai de 9 a 12 de Abril. No primeiro dia, a Casa vai ter os seus espaços todos abertos a quem quiser conhecer como se trabalha dentro de portas, mas vai também a mostrar várias exposições que documentam esta primeira década. O dia 10 abre com um concerto de órgão de Filipe Veríssimo na Igreja dos Clérigos, e terá, à noite, um concerto com a Sinfónica e o Coro a fazerem a estreia mundial de uma peça encomendada a Pedro Amaral, Scherzi, e a interpretar a obra de Beethoven, A Consagração da Casa, além de "uma peça surpresa para orquestra, coro e quatro solistas", no âmbito do Ano Alemanha.
No sábado, entra em cena o SE com vários programas de animação, a Orquestra Barroca vai reinterpretar algumas peças do reportório que vem executando desde a sua criação em 2006 (Vivaldi, Bach, Rameau, Händel, Pedro Avondano e Carlos Seixas), e a noite cai ao som de mais um NOS-Club, com o regresso do trip-hop inglês de Tricky e a rapper portuense Capicua a estrear o seu novo disco, Medusa.
No dia 12, regressam duas formações que são também quase “residentes” na Casa, a Banda Sinfónica Portuguesa, com Mário Laginha, como convidado, a tocar Rhapsody in blue, de Gershwin; e a Orquestra de Jazz de Matosinhos, que, depois de uma colaboração em 2008, volta a convidar Kurt Rosenwinkel, com quem irá estrear novas peças de Carlos Azevedo, Pedro Guedes e Ohad Talmor sobre originais daquele guitarrista norte-americano.