Chegou o dia do adeus anunciado de Carlos Queiroz ao Irão
Treinador português alega "pressões" externas para deixar a selecção. Decisão foi comunicada pela federação iraniana.
"Não queria sair e isso não fazia parte dos meus planos. Mesmo a direcção da federação não queria que saísse, mas as duas partes acabaram por chegar a acordo por causa de pressões", declarou Queiroz à agência Fars, sem especificar a que pressões se refere.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
"Não queria sair e isso não fazia parte dos meus planos. Mesmo a direcção da federação não queria que saísse, mas as duas partes acabaram por chegar a acordo por causa de pressões", declarou Queiroz à agência Fars, sem especificar a que pressões se refere.
Quando o técnico português tomou conta da selecção do Irão, em Abril de 2011, já levava consigo um significativo capital de experiência em equipas nacionais, depois das passagens pelos Emirados Árabes Unidos (1999), África do Sul (2000-02) e Portugal (2008-10). Mas o desafio que tinha pela frente estava envolto em condições muito particulares.
"Estamos aqui numa espécie de jogo de xadrez. Por um lado, temos de trabalhar no equilíbrio da equipa para as exigências de um Mundial; por outro, as condições físicas, atléticas e mentais dos jogadores não permitem ir muito longe. Mas a preparação correu de acordo com aquilo que tínhamos planeado, dentro das circunstâncias que envolvem actualmente o país", denunciou, numa entrevista ao PÚBLICO, durante o Mundial do Brasil. As circunstâncias a que Carlos Queiroz se referia Mesmo nesta conjuntura, o treinador português fez o trabalho de casa e qualificou, pela quarta vez na história, a selecção iraniana para um Campeonato do Mundo. A equipa acabaria por cair na fase grupos (um empate e duas derrotas) e, ainda durante a competição, a saída do seleccionador A cisão acabaria por não se concretizar e, depois de uma ronda de negociações, o antigo seleccionador de Portugal acabou por assinar, em Setembro passado, um contrato de quatro anos, até ao Mundial de 2018, a decorrer na Rússia. E foi já sob o novo vínculo que Queiroz partiu para a participação na Taça da Ásia, prova na qual se estreou com uma vitória sobre o Bahrein (2-0). As críticas às condições de trabalho registadas meses antes, porém, não perderam actualidade. " Nessa linha de raciocínio, o técnico criticou também a FIFA e a Confederação Asiática de Futebol, pelo facto de não terem libertado a verba de quase sete milhões de euros que o Irão recebeu com a presença no Mundial do Brasil. Era mais um rude golpe para uma selecção com pouquíssimos financeiros meios para fazer face ao calendário competitivo.
Foi neste equilíbrio precário que o treinador responsável pela mais brilhante página da história do futebol jovem português (Portugal foi bicampeão mundial de sub-20 com Carlos Queiroz, em 1989 e 1991) se manteve no cargo até esta sexta-feira, altura em que decidiu bater com a porta.
"[Carlos Queiroz] não podia continuar nesta situação e demitiu-se do seu cargo. Não conseguimos convencê-lo a ficar", declarou o presidente da federação, Ali Kaffashian, citado pela agência oficial Irna.
O Irão, que acabaria por vencer o Grupo C da Taça da Ásia, caindo nos quartos-de-final frente ao Iraque, no desempate por grandes penalidades, tem neste mês dois jogos particulares na Europa, contra o Chile, na Áustria (25 de Março), e contra a Suécia, em Estocolmo (31 de Março). Carlos Queiroz ainda estará no banco nestas duas partidas, mas já não precisa de se preocupar com o futuro da selecção.