Marco Rodrigues: “Muitas vezes não foi dado o devido valor aos homens no fado”
No quinto concerto do ciclo Há fado no Cais, o Grande Auditório do CCB recebe esta sexta-feira Marco Rodrigues, já numa fase de maturidade.
Nascido em Amarante, a 19 de Setembro de 1982, Marco Rodrigues foi para Lisboa e para o fado aos 15 anos, depois de começar a cantar em Arcos de Valdevez. O seu primeiro disco, Fados da Tristeza Alegre (2006) fez com que reparassem nele com interesse e Tantas Lisboas (2011) afirmou-o em definitivo nos meios fadistas. EntreTanto, o terceiro disco, lançado em 2013, foi já um trabalho de maturidade, que em termos musicais e interpretativos fixou de modo seguro a sua marca pessoal no fado.
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Nascido em Amarante, a 19 de Setembro de 1982, Marco Rodrigues foi para Lisboa e para o fado aos 15 anos, depois de começar a cantar em Arcos de Valdevez. O seu primeiro disco, Fados da Tristeza Alegre (2006) fez com que reparassem nele com interesse e Tantas Lisboas (2011) afirmou-o em definitivo nos meios fadistas. EntreTanto, o terceiro disco, lançado em 2013, foi já um trabalho de maturidade, que em termos musicais e interpretativos fixou de modo seguro a sua marca pessoal no fado.
Marco, que já pisou o palco maior do CCB na companhia de Mariza, nunca ali se tinha apresentado a solo. “Em Lisboa era a sala que me faltava fazer, depois do Coliseu, do São Luiz, do Trindade, do Tivoli”, diz. “Uma vez que está inserido num ciclo de fado, acho que faz sentido levar para o CCB um espectáculo mais de fado tradicional. Vou provavelmente surpreender algumas pessoas, porque não irei tocar tanto quanto tenho tocado nestes últimos concertos [Marco acompanha-se habitualmente à viola, como faz, por exemplo, António Zambujo]. Desta vez irei estar mais à frente, cantar mais.”
No alinhamento, estarão alguns temas que o acompanham na casa de fados. “Alguns fados clássicos, outros musicados, mas tudo fados que a noite lisboeta se habituou a ouvir. E vou apresentar dois temas do novo disco que está agora a ser preparado.”
De boca em boca, o fado
Que disco é esse? Será um disco de fado tradicional, mas de homenagem. “Comecei a trabalhar com o João Pedro Ruela e com o Diogo Clemente, que fará a produção. Eu gostava muito, neste meu novo disco, de homenagear uma série de homens do fado, que como cantores são um pouco esquecidos. Isso tem que ser feito com muito cuidado, muito respeito, com pinças, porque quero que as pessoas vejam, mais do que a homenagem, o legado que eles deixaram aos novos intérpretes. E é uma homenagem mais do que merecida, porque nós temos grandes intérpretes masculinos, entre a canção e o fado, como o Max, o Tony de Matos, o Carlos do Carmo, o Camané…”
Apesar da predominância, no canto, das mulheres, Marco Rodrigues reconhece que “nem todos os homens foram esquecidos, alguns até são homenageados constantemente, mas acho que muitas vezes não foi dado o devido valor aos homens no fado”. E ele sente esta homenagem também como um tributo ao ciclo da transmissão oral no fado. “Lembro-me perfeitamente de que, quando comecei, eu cantava temas do Carlos do Carmo, do Camané, do [Alfredo] Marceneiro, do [Fernando] Maurício. E agora já ouço cantar fados meus como o Tantas Lisboas ou A rima mais bonita. E esse é uma das razões que me levam agora a esta homenagem. Porque, quer queiramos quer não, o fado sempre foi uma música ensinada de boca em boca. E eu aprendi através da boca destes homens, embora também tenha referências de muitas mulheres a cantar fado.”
No palco do CCB, com Marco Rodrigues (voz e viola) estarão Pedro Viana (guitarra portuguesa), Frederico Gato (baixo) e Nélson Aleixo (viola). “E haverá, como convidado, mais outro guitarrista ao longo de todo o concerto, o Guilherme Banza”. Duas guitarras, duas violas, baixo e voz, numa noite de tributo à essência do fado.