A descoberta do mundo
Um romance tentativo entre dois adolescentes de província contado com garra numa pequena surpresa vinda de França.
Numa cidadezinha de província onde as saídas não são muitas (a emigração ou a tropa), Arnaud está mais ou menos resignado a trabalhar na carpintaria da família. Isto até ao momento em que se cruza por acaso com Madeleine, uma maria-rapaz obcecada em preparar-se para o fim da civilização como a conhecemos e que quer alistar-se nos pára-quedistas. O romance tentativo entre os dois é desenhado por Thomas Cailley com humor, energia e desenvoltura, sem pezinhos de lã nem sonsices, e recusa-se a seguir pelos percursos óbvios.
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Numa cidadezinha de província onde as saídas não são muitas (a emigração ou a tropa), Arnaud está mais ou menos resignado a trabalhar na carpintaria da família. Isto até ao momento em que se cruza por acaso com Madeleine, uma maria-rapaz obcecada em preparar-se para o fim da civilização como a conhecemos e que quer alistar-se nos pára-quedistas. O romance tentativo entre os dois é desenhado por Thomas Cailley com humor, energia e desenvoltura, sem pezinhos de lã nem sonsices, e recusa-se a seguir pelos percursos óbvios.
Antes pelo contrário: transportado pela garra e pela curiosidade que Adèle Haenel e Kévin Azaïs emprestam às suas personagens, Os Combatentes segue de surpresa em surpresa sem que as guinadas inesperadas soem a falso ou a invenção de argumentista. É um filme de descoberta — descoberta do mundo, de si próprio, ancorada nos momentos de que não estamos à espera e que acabam talvez por ser os mais importantes, falando dos medos e das angústias, das certezas e das dúvidas, sem condescendências de espécie nenhuma. E, talvez o mais notável, filma “à altura” das personagens, sem as julgar, olhando-as de modo leal, dando aos seus sentimentos a importância que eles merecem. Dissemos há bocadinho que era o melhor primeiro filme que vimos vindo de França em muito tempo? Corrijamos: é o melhor primeiro filme que vimos em muito tempo. Ponto.