Colocação de desempregados sobe para níveis históricos graças aos apoios à contratação
No ano passado, 54% das colocações feitas pelos centros de emprego foram apoiadas por fundos públicos.
Os dados solicitados pelo PÚBLICO ao IEFP revelam que a medida mais utilizada foi o Estímulo 2013, que esteve em vigor até final de Junho do ano passado e que suportava 50% do salário do trabalhador, durante seis meses, até um máximo de 419,22 euros por mês (o apoio podia chegar aos 60% e durar 18 meses no caso de desempregados de longa duração ou da celebração de contrato sem termo).
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Os dados solicitados pelo PÚBLICO ao IEFP revelam que a medida mais utilizada foi o Estímulo 2013, que esteve em vigor até final de Junho do ano passado e que suportava 50% do salário do trabalhador, durante seis meses, até um máximo de 419,22 euros por mês (o apoio podia chegar aos 60% e durar 18 meses no caso de desempregados de longa duração ou da celebração de contrato sem termo).
Em 2010, antes de a troika entrar em Portugal, os centros de emprego do Continente colocaram à volta de 62.430 pessoas, número que nos dois anos seguintes caiu para níveis inferiores a 60 mil. Passados quatro anos, em 2014, foram colocados 102.977 desempregados, um aumento de 22% face a 2013, e o número mais elevado desde, pelo menos, o início do século.
O IEFP destaca que as colocações “resultam sempre do trabalho efectuados nos serviços, que consiste no ajustamento entre uma oferta de emprego comunicada ao IEFP e um candidato inscrito à procura de emprego”. Contudo, este desempenho também está relacionado com as regras de acesso aos apoios à contratação. Ao contrário do que acontecia até 2011, de 2012 em diante tanto os desempregados como as empresas que pretendem beneficiar desses apoios têm de se registar nos centros de emprego, o que leva a que haja um aumento quer das ofertas, quer das colocações.
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Há tendências que se mantêm. Tal como nos anos anteriores, as auto colocações excedem em muito as colocações feitas com a ajuda dos centros de emprego. No ano passado, o IEFP dava conta de 371.568 pessoas que deixaram de estar inscritas porque voltaram a trabalhar. Destas, 268.591 (72,2% do total) conseguiram encontrar trabalho pelos seus próprios meios, ou seja, duas vezes e meia mais do que os desempregados colocados através do IEFP.
Salário médio aumenta 13 euros
De 2011 para cá, o salário médio oferecido aos desempregados tem vindo a aumentar, mas continua abaixo dos 585 euros de 2010. No ano passado, em média, os trabalhadores contratados pelas empresas através do IEFP recebiam 580,39 euros, mais 13 euros do que em 2013 e mais 95 euros do que o salário mínimo (que até Outubro era de 485 euros).
O IEFP nota que relativamente ao salário médio “apenas foram consideradas as ofertas de emprego registadas nos serviços do Continente, com horário de trabalho completo e com remuneração mensal” e que em 2014 “as ofertas nestas condições representam 96% das colocações efectuadas”.
A mesma fonte acrescenta que os valores indicados são os montantes mínimos que as entidades empregadoras inscrevem quando registam as suas ofertas de emprego. “Muitas vezes em função do resultado da entrevista, análise do curriculum e experiência profissional do candidato poderão ocorrer negociações entre ambas as partes (candidato e empresa), que levam a alterações, para valores superiores”, garante, sem contudo quantificar.
Tal como em anos anteriores, a maior parte das contratações efectuadas foi a termo certo. De acordo com os dados fornecidos pelo IEFP, 71% dos desempregados tinham contratos a termo certo ou incerto e só 29% conseguiram contratos sem termo.
As actividades imobiliárias, administrativas e de serviços de apoio lideram as colocações, seguindo-se o comércio e o alojamento e a restauração. Em quarto lugar aparece agora a Administração Pública (educação, actividades de saúde e de apoio social) e em quinto lugar surge a construção. Estes cinco sectores absorveram 59% dos desempregados que voltaram a trabalhar. Depois surgem a agricultura, floresta e pesca; as actividades de consultoria e científicas; a indústria do vestuário e a indústria alimentar.
Apesar do aumento inédito das colocações feitas através do IEFP e da melhoria do ajustamento entre os postos de trabalho livres e a mão-de-obra disponível, continuou a haver um número significativo de ofertas de emprego registadas que ficaram desertas.
Ao longo de 2014, os centros de emprego de todo o país (incluindo o Continente e as regiões autónomas) receberam 165.755 ofertas de trabalho, mais 18% do que em 2013. Destas, 105.518 foram ocupadas, tendo ficado sem resposta 60.257 ofertas, ou seja, 36%. Em 2013, a taxa de insucesso foi de 40%.