Duplo atentado contra igrejas cristãs no Paquistão faz 14 mortos

Papa fala numa "perseguição contra os cristãos que o mundo tenta esconder". Populares apanharam dois homens acusados de envolvimento e lincharam-nos.

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Uma mulher chora a morte de um familiar no atentado Mohsin Raza/Reuters

Testemunhas ouvidas pelas agências Reuters e AFP dizem que as bombas explodiram com poucos minutos de intervalo – uma perto de uma igreja católica e outra numa igreja anglicana, localizadas na mesma área.

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Testemunhas ouvidas pelas agências Reuters e AFP dizem que as bombas explodiram com poucos minutos de intervalo – uma perto de uma igreja católica e outra numa igreja anglicana, localizadas na mesma área.

"Eu estava sentado numa loja quando toda a área foi sacudida por uma explosão. Corri em direcção ao local e vi um segurança a lutar com um homem que estava a tentar entrar numa igreja. Não conseguiu, mas fez-se explodir à entrada", disse à Reuters um dos habitantes locais, identificado como Amir Masih.

A mesma testemunha disse que o segurança – que acabou por morrer na segunda explosão – evitou que a tragédia tivesse sido ainda maior, já que impediu o bombista de entrar na igreja. Não há informações sobre a forma como foi accionada a primeira bomba, numa outra igreja.

"As operações de socorro estão ainda a decorrer, e o número final de vítimas mortais pode subir", salientou Sajjad Hussain, porta-voz das equipas de emergência médica da província do Punjab.

Nos momentos que se seguiram às explosões, dois homens acusados de envolvimento no ataque foram mortos e os seus corpos foram queimados por populares.

Os ataques foram condenados pelo Papa Francisco durante a oração do Angelus, na Praça de S. Pedro, no Vaticano. "São igrejas cristãs. Os cristãos estão a ser perseguidos. Os nossos irmãos são mortos apenas porque são cristãos. Enquanto rezo pelas vítimas e pelas suas famílias, peço ao Senhor, fonte de todo o bem, que leve a paz e a harmonia a este país", disse Francisco

O duplo atentado foi cometido pelo Jamaat Ul Ahrar, uma facção dos taliban paquistaneses. Há um mês, a mesma facção cometeu um ataque suicida contra uma sede da polícia em Lahore, que fez cinco mortos, quatro deles civis. Tal como num dos dois atentados deste domingo, o balanço final do ataque do mês passado não foi mais trágico porque o bombista não conseguiu entrar na esquadra.

A cidade de Lahore, capital da província do Punjab – a mais rica e populosa do Paquistão, e cidade natal do primeiro-ministro, Nawaz Sharif – costumava ser um local relativamente tranquilo, mas o falhanço das negociações entre o Governo e os taliban, no ano passado, mudou radicalmente esse cenário.