Emigrantes

Emigrantes

O primeiro-ministro Passos Coelho que condenou os portugueses a um terrível programa de austeridade porque, como ele disse, o seu Governo foi para além da própria troika, que convidou os portugueses a emigrar e que proferiu a célebre frase "que se lixem as eleições" é o mesmo Passos Coelho que agora, em 2015, por mera coincidência um ano de eleições, cria um programa (VEM) para cativar alguns portugueses a regressar. Passos Coelho, que foi o grande e único responsável pela enorme onda de emigração, em grande percentagem altamente qualificada, que se verificou em Portugal nos últimos anos, tenta agora dar a entender que está preocupado com o fenómeno que ele próprio criou. Passos Coelho é, portanto, um hipócrita. Passos Coelho e o seu Governo estão agora a fazer aquilo que no passado criticavam, ou seja, estão a vender ilusões. Pensará Pedro Passos Coelho que a grande maioria do portugueses se deixará enganar pelos "brindes" que tem oferecido neste ano de eleições e que, estou certo, continuará a oferecer nos próximos meses? Pensará Passos Coelho que a mentira que tenta difundir se poderá confundir com a realidade que o seu Governo criou e que milhares de portugueses sentem e vivem no seu dia-a-dia? Pensará Passos Coelho que um qualquer programa VEM consegue enganar tudo e todos? Se esse for o seu pensamento, temos então sérias razões para estar preocupados.

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

VEM (acrónimo de Vadios dos Emigrantes Mal-amados)

VEM, que nós ajudamos-te a destruturar ainda mais a tua vida.
VEM, que nós aqui só estamos a fingir que te queremos.
VEM e vais ver o que te espera.
VEM e, quando te aperceberes do erro, já não vais para mais lado nenhum.
VEM e vota em nós e depois faz-te à vida, que tens bom corpo para isso.
VEM, apresenta o teu projecto e vai para casa dos teus pais, sossegadinho, que depois damos-te resposta.
VEM e és mais um a juntar aos que cá estão, que não foram para lado nenhum porque nem para o bilhete de ida tiveram.
VEM-te, se puderes, o que vai ser difícil, porque o prazer é nenhum.
VEM, mas só quando eles já não estiverem cá.
VEM, mas, se queres uma opinião de quem sabe, não venhas.
Tenta a felicidade aí, que a coisa aqui está preta.

Luís Robalo, Lisboa

Apostar no mar

Entretanto, aconteceram algumas alterações e Portugal acabou de ficar com uma plataforma marítima quase de quatro milhões de quilómetros quadrados: 97% do nosso país é mar. E, segundo notícias de Abril do ano passado, foram distribuídos os novos mapas por muitas escolas para informação dos nossos alunos.

Agora podemos apostar no mar para desenvolver a economia e animar o mercado do emprego. Além da pesca e da exploração dos fundos submarinos, precisamos de embarcações para fiscalização. Onde se podem construir? Temos uma boa escola náutica e, se o mar se abrir, os nossos jovens terão emprego.

Mas informações sobre o desenvolvimento deste sector escasseiam e tardam. Talvez no traumatismo do fecho do mar há bastantes anos por uns tais políticos que agora até andam a falar da aposta de grandes sucessos esteja a dificuldade em acreditarmos neste futuro. É preciso acordar já e deitar mãos à obra, para rapidamente começarmos a sentir que o mar salgado não só será lágrimas.

Maria Clotilde Moreira, Algés