Varoufakis acredita em acordo e admite adiar promessas eleitorais

Ministro das Finanças da Grécia diz que "é possível completar a revisão do acordo" até finais de Abril. Possível adiamento de promessas não significa deixá-las cair.

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Yanis Varoufakis garante que pagamento ao FMI será feito a horas

Em declarações à margem do Fórum Ambrosetti (uma conferência sobre economia que se realiza anualmente em Itália desde 1975), Varoufakis sublinhou o "compromisso" estabelecido no acordo celebrado em Fevereiro pelo Eurogrupo – constituído pelos países que têm o euro como moeda oficial.

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Em declarações à margem do Fórum Ambrosetti (uma conferência sobre economia que se realiza anualmente em Itália desde 1975), Varoufakis sublinhou o "compromisso" estabelecido no acordo celebrado em Fevereiro pelo Eurogrupo – constituído pelos países que têm o euro como moeda oficial.

"É possível completar a revisão do acordo de 20 de Fevereiro. Há um compromisso, assumido por todos nós, para alcançarmos um acordo até 20 de Abril", disse o ministro grego, citado pela agência Reuters.

Quanto ao possível adiamento de algumas das promessas eleitorais feitas pelo Syriza na campanha para as eleições de Janeiro, Yanis Varoufakis disse que não se trataria de um adiamento indefinido, dando a entender que o novo Governo continua empenhado em cumprir o seu programa na actual legislatura.

Tudo para que os países do Eurogrupo e as instituições anteriormente conhecidas como troika possam aproximar-se da posição grega e aprovar o programa de reformas elaborado por Atenas – e, desse modo, desbloquear a última tranche do empréstimo da zona euro.

"Se isso significar que, durante os próximos meses em que estivermos a negociar, suspenderemos ou adiaremos a aplicação das nossas promessas, é isso mesmo que teremos de fazer no contexto da construção de confiança com os nossos parceiros", disse Varoufakis, ainda de acordo com a tradução da agência Reuters.

O Eurogrupo aprovou em Fevereiro a extensão do programa de empréstimos à Grécia por quatro meses, mas o envio da última tranche depende de uma resposta positiva às propostas de reformas apresentadas pelo Governo grego, e que incluem a contratação de turistas e estudantes para ajudarem no combate à fraude fiscal com recurso a câmaras de vídeo e audio escondidas.

Mas os desentendimentos e as trocas de acusações entre líderes da Grécia e da Alemanha – e a insatisfação da generalidade dos restantes países do Eurogrupo face às posições gregas – têm complicado a obtenção de um acordo. Nos últimos dias, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, voltou a dizer que a saída da Grécia do euro não pode ser posta de lado, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, admitiu que não está satisfeito "com os desenvolvimentos das últimas semanas".

Ainda assim, o próprio Juncker e o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, dizem que nem querem ouvir falar da saída da Grécia da zona euro: "O Grexit seria uma catástrofe – para a economia grega mas também para toda a zona euro", disse Moscovici numa entrevista à revista alemã Der Spiegel.