Paulo Dentinho vai dirigir a informação da RTP e Daniel Deusdado a programação

João Paulo Baltazar, ex-jornalista da TSF, vai liderar a informação da rádio e Teresa Paixão sobe na RTP2. Nomes seguiram para a ERC, que os analisa na terça-feira.

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Paulo Dentinho era até agora correspondente da RTP em Paris DR

Na RTP2, Elísio Oliveira, cujo mandato à frente do canal terminava em Abril, é substituído pela actual gestora, Teresa Paixão. Uma “solução de continuidade” porque o canal está agora com uma orientação muito próxima da que esta administração pretende, justificou ao PÚBLICO Nuno Artur Silva, o administrador com a tutela dos conteúdos.

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Na RTP2, Elísio Oliveira, cujo mandato à frente do canal terminava em Abril, é substituído pela actual gestora, Teresa Paixão. Uma “solução de continuidade” porque o canal está agora com uma orientação muito próxima da que esta administração pretende, justificou ao PÚBLICO Nuno Artur Silva, o administrador com a tutela dos conteúdos.

Gonçalo Madaíl, que dirigia a Academia RTP, assume a liderança da RTP Memória. José Arantes, que chegou a ser responsável pelos dois canais internacionais, fica agora apenas com a RTP África.

Rui Pêgo mantém a direcção da Antena 1 e da Antena 2, assim como a direcção da RDP África e da RDP Internacional, porque têm “lógicas de programação comuns”. O radialista Nuno Reis assume a direcção da Antena 3, que tem que passar a ser “mais jovem, mais pop, e mais online e multimédia”. A ideia é transformá-la no que pode vir a ser um canal de música na net, aproveitando o facto de o contrato de concessão prever o lançamento de um novo canal público com essa temática.

O administrador elogia o perfil de João Paulo Baltazar para director de informação da rádio, a qual precisa de “uma nova energia e nova dinâmica”.

Mantêm-se os actuais directores da RTP e RDP Açores, Maria do Carmo Figueiredo, e da RTP e RDP Madeira, Martim Santos.

O cargo de director de estratégia multiplataforma, criado há quatro meses para Luís Marinho, antigo director-geral de conteúdos (função que não existia na lei e levantou polémica), foi extinto e este passa a responsável pelos projectos especiais, que são transversais, como a programação para as comemorações dos 40 do PREC, ou os 80 anos da rádio.

Já seguiu para a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social o pedido de exoneração dos antigos directores e de nomeação dos novos. O PÚBLICO apurou que o regulador irá analisar o dossier na reunião de terça-feira. A ERC tem 10 dias para dar o seu parecer, que é prévio e vinculativo – ou um máximo de 20 se pedir, por exemplo, audições (algo que é normal acontecer, pelo menos com os nomeados).

Nuno Artur Silva disse ao PÚBLICO que Deusdado se irá desvincular das funções de administrador e de sócio das produtoras Farol de Ideias e Pequeno Farol e ficará impedido de encomendar programas àquelas empresas – que continuarão a ser geridas pela mulher – para os canais que vai dirigir. “Fica muito claro que ele não terá qualquer relação com a sua antiga produtora nem decisão sobre programas de”, garante o administrador, lembrando que a Farol de Ideias trabalha agora essencialmente com a RTP2 – embora tenha já feito programas para todos os canais públicos (era da sua autoria a Liga dos Últimos, por exemplo).

Deusdado acumula as três pastas (programas da 1 e canais Informação e Internacional) porque são canais que trabalham em “articulação”, diz Nuno Artur Silva recordando que o jornalista esteve no lançamento da então RTPN e tem perfeita noção da “relação que é necessária” entre a informação e a programação. Aqui surge também a ligação à RTP Internacional, que não pode ser “apenas um canal onde se despejam coisas”. A nova administração considera que é preciso trabalhar melhor para as diversas comunidades, mudar grelhas, horários e conteúdos. Quer ter naquele canal “o melhor do audiovisual português, com filmes, séries e documentários” e ao nível da informação há uma ligação lógica ao canal noticioso, através do multimédia e online, para os novos emigrantes portugueses.

Faz também sentido ter uma visão autónoma para a RTP África, defende Nuno Artur Silva. Porque este canal vive essencialmente da cooperação com os países de língua oficial portuguesa. Daí a pessoa “lógica” ser José Arantes, que é quem na RTP trabalha a cooperação do ponto de vista institucional, argumenta o administrador.

Quanto à RTP Memória, a escolha de Gonçalo Madaíl, um responsável por uma pasta que é o oposto do canal – o centro de inovação da RTP -, é propositada. “A ideia é pegar no arquivo da televisão e reprogramar os conteúdos de uma forma mais ousada para que não sejam uma mera reposição automática em antena”, explica o administrador.

As mudanças nos cargos directivos na RTP eram esperadas desde que a nova administração entrou, há cerca de um mês. A equipa de Gonçalo Reis assumiu querer mudar o paradigma do serviço público, para ter a RTP com um “posicionamento e política de conteúdos diferenciada”.

Esta é a quarta direcção de informação e a terceira direcção de programas do principal canal de serviço público desde que o actual Governo tomou posse, há três anos e meio. Depois de Nuno Santos ter saído da direcção de informação no final de 2012 em choque com a administração de Alberto da Ponte devido à polémica das imagens em bruto da manifestação em frente ao Parlamento, seguiu-se-lhe Paulo Ferreira. Um ano depois, este pediu demissão e José Manuel Portugal assumiu o cargo em Dezembro de 2013. Portugal foi informado na terça-feira passada que a nova administração não contava consigo para a função.

No caso da programação da RTP1, em 2011 a pasta estava com José Fragoso, que preferiu sair para a TVI. Para o seu lugar foi escolhido Hugo Andrade, que passou toda a sua carreira no serviço público, e a quem sucede agora Daniel Deusdado.

Os novos nomes estavam escolhidos há uma semana, antes mesmo da assinatura do contrato de concessão, garante o administrador. Só ontem foram partilhados com o conselho geral independente, a quem cabe aprovar não os nomes mas apenas a nova estrutura orgânica da empresa. Falta ouvir os conselhos de redacção, que não têm parecer vinculativo. Sobre quem deixa os cargos, Nuno Artur Silva garante que “não há nenhum emprateleirado. Estamos a contar com todos.”