Morreu um dos linces libertados em Mértola e ninguém sabe ainda porquê
A fêmea Kayakweru foi encontrada morta nesta quinta-feira. ICNF diz que é normal.
Kayakweru, uma fêmea, foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira. Não tinha qualquer sinal que indicasse uma causa humana visível, como ter sido abatida a tiro ou colhida por um automóvel. “Não havia traumatismos, não havia sinal de atropelamento”, afirma Sofia Castelo Branco, vogal do conselho directivo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
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Kayakweru, uma fêmea, foi encontrada morta na manhã desta quinta-feira. Não tinha qualquer sinal que indicasse uma causa humana visível, como ter sido abatida a tiro ou colhida por um automóvel. “Não havia traumatismos, não havia sinal de atropelamento”, afirma Sofia Castelo Branco, vogal do conselho directivo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O animal foi necropsiado na Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa mas, até às 18h desta sexta-feira, o ICNF ainda não tinha recebido os resultados. “Só as análises é que poderão indicar as causas de morte”, diz Sofia Castelo Branco.
Foi o sistema de monitorização dos linces em Mértola que permitiu identificar que algo não estava bem com Kayakweru. Cada animal tem uma coleira electrónica no pescoço, que transmite a sua posição através de sinais de rádio e por um cartão de telemóvel. Além disso, há foto-armadilhas espalhadas numa zona alargada em torno do cercado onde os animais passam algumas semanas a adaptar-se e depois são soltos.
Ao notarem que o lince não estava a mexer-se, os técnicos do ICNF aproximaram-se até o encontrarem morto. Ainda no dia anterior, às 19h, Kayakweru tinha sido avistada e apresentava “comportamentos normais da espécie”, segundo um comunicado do ICNF.
A fêmea tinha sido colocada no cercado de adaptação a 7 de Fevereiro. No dia 25 do mesmo mês, ganhou a liberdade total. Morreu a 12 de Março, quinze dias depois.
“É uma situação natural em projectos de reintrodução como este. É normal que haja mortalidade, por causas naturais ou outro tipo de causas”, refere Sofia Castelo Branco.
Em Espanha, onde a reintrodução dos linces começou mais cedo e já há uma população de algumas centenas de animais, o principal factor de mortalidade têm sido os atropelamentos. Houve nove em 2012, 14 em 2013 e cerca de duas dezenas em 2014. Este ano, já foram dois.
Uma das razões para mais atropelamentos, além do aumento da população de linces, é a falta de coelho-bravo, o principal alimento da espécie. Os linces estão a ir mais longe à procura de comida e acabam muitas vezes por dar com estradas.
Para já, a monitorização em Mértola indica que os linces se mantêm na mesma zona onde está o cercado. “Os animais têm estado por aquela região e têm tido um comportamento absolutamente normal”, diz Sofia Castelo Branco.
Há poucas semanas, o próprio ICNF entrou em alvoroço quando circularam internamente imagens de um lince atropelado, mas que afinal eram de um exemplar de Espanha.
A perda de Kayakweru não irá atrasar o projecto de reintrodução, segundo o ICNF. Os casal que está neste momento no cercado será solto quando estiver preparado. E, ao longo deste ano, mais quatro linces deverão ser libertados.