Praças de Saldanha e Picoas vão ganhar passeios, árvores e uma ciclovia
Câmara de Lisboa quer dar mais espaço aos peões, o que implica reduzir o estacionamento na via pública neste que é um dos eixos estruturantes de Lisboa. Obras deverão custar 1,5 milhões de euros
Durante a fase de auscultação pública a população apontou os principais problemas daquelas duas zonas, onde residem cerca de 24 mil pessoas e existe uma forte densidade de empresas. A maioria considerou o trânsito automóvel “muito mau”, deu má nota às condições de acessibilidade para deficientes, queixou-se do mobiliário urbano (como bancos) e dos parques infantis, reclamou da limpeza das ruas e do estado dos ecopontos.
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Durante a fase de auscultação pública a população apontou os principais problemas daquelas duas zonas, onde residem cerca de 24 mil pessoas e existe uma forte densidade de empresas. A maioria considerou o trânsito automóvel “muito mau”, deu má nota às condições de acessibilidade para deficientes, queixou-se do mobiliário urbano (como bancos) e dos parques infantis, reclamou da limpeza das ruas e do estado dos ecopontos.
Nesta segunda-feira, a câmara apresentou uma proposta para revolucionar aquele que é um dos principais eixos de atravessamento da cidade, entre o Marquês de Pombal e o Campo Pequeno. A intervenção, assente em obras “não muito pesadas” sobretudo ao nível do pavimento, deverá custar 1,5 milhões de euros, segundo Pedro Dinis, chefe da divisão de projectos e estudos urbanos. O objectivo é arrancar com as obras no início de 2016.
Na Praça Duque de Saldanha mantêm-se as faixas de trânsito principais, que atravessam o centro da praça, mas a circulação em rotunda será transposta para as faixas actualmente utilizadas para estacionamento e praça de táxis. Esta alteração vai permitir aumentar a dimensão do passeio junto ao edificado – em algumas zonas poderá ter 15 metros de largura – e introduzir mobiliário urbano, árvores e zonas de estadia, novos quiosques, diz o arquitecto. Será garantido o acesso ao hotel recentemente inaugurado e às cargas e descargas em frente aos centros comerciais Saldanha Residence e Atrium Saldanha.
A proposta camarária prevê o corte da ligação entre a rotunda e a Avenida Praia da Vitória. Esta passará a ter “um carácter local”, de velocidade reduzida e estacionamento reservado a residentes com dístico da Emel. Em cada um dos lados da avenida (nascente e poente) ficarão situadas duas praças de táxi.
Junto aos passeios da praça será construída uma ciclovia, que terá continuidade até ao Marquês de Pombal através da Avenida Fontes Pereira de Melo. Numa primeira fase, esta ciclovia vai também ligar o Saldanha à Avenida Duque de Ávila (onde já existe uma via para bicicletas) e mais tarde até ao Campo Grande.
Na Avenida Fontes de Pereira de Melo será construído um separador central e corredores de árvores ao longo dos passeios, dos dois lados da rua. Na zona de Picoas – área compreendida entre o Fórum Picoas Plaza, o Centro Comercial Imaviz, o Hotel Sheraton, o Saldanha Residence e o edifício da PT – está igualmente previsto o “aumento substancial da área pedonal”, junto ao edificado. Desaparece o estacionamento em frente ao Imaviz e ao edifício da PT. “É verdade que se perdem lugares à superfície, mas muitos carros estacionam ali ilegalmente e na zona há 1700 lugares em parques subterrâneos”, indica Pedro Dinis, sublinhando que será reestruturado o estacionamento de motociclos.
A câmara quer também eliminar a via de viragem à esquerda (hoje possível para quem sobe a Fontes Pereira de Melo) para a Rua Latino Coelho. Segundo Pedro Dinis, o estudo de tráfego que está a ser elaborado para esta zona indicou que “o maior fluxo de procura da Latino Coelho é de norte para sul (sentido Saldanha-Marquês de Pombal) e não o inverso”. “Retirar a viragem à esquerda é possível se fizermos duas intervenções: primeiro, tornar a circulação na rotunda do Saldanha mais rápida, eliminando o acesso da Avenida Praia da Vitória; segundo, criar dois sentidos na Rua Tomás Ribeiro”, explica o arquitecto.
A ideia é também mudar o esquema de circulação na Rua Viriato, em frente ao Picoas Plaza, mantendo apenas o sentido descendente, convertendo o outro sentido numa área pedonal. Esta mudança implica alterar o sentido na Rua de São Sebastião da Pedreira, na direcção do El Corte Inglés.
Esta proposta já conta com o que está previsto no projecto de construção de uma torre com 17 andares no gaveto da Avenida Fontes Pereira de Melo com a 5 de Outubro (cujo pedido de informação prévia foi aprovado na câmara mas está ainda em análise). Para criar uma praça naquela zona, o projecto contempla ainda a interrupção da circulação automóvel na 5 de Outubro em frente ao quarteirão da Maternidade Alfredo da Costa.
Na apresentação da proposta camarária esteve presente o presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas, Daniel Gonçalves (PSD), que lamentou não conhecer os pormenores do projecto da torre. Caso avance, esta construção vai levar a uma mudança radical daquele espaço. Sobre a solução apresentada por Pedro Dinis o autarca não levantou objecções, tal como a presidente da junta de Arroios, Margarida Martins. "É um trabalho bem conseguido, é importante devolver os passeios, os jardins e as esplanadas às pessoas", afirmou a independente eleita pelo PS.
O programa Uma Praça em Cada Bairro prevê a construção, até 2017, de três dezenas de "pontos de encontro da cmunidade local", novos locais de "microcentralidade". Até agora, a câmara já ouviu a população e apresentou propostas para Picoas e Saldanha, Praça do Chile, Avenida da Igreja, Largo de Santos, Rua de Campolide e Rossio de Palma. Na Avenida da Igreja, por exemplo, na freguesia de Alvalade, um troço será fechado ao trânsito automóvel (afecto apenas à circulação de transportes públicos, cargas e descargas) para dar mais espaço ao peão e será criado um estacionamento subterrâneo com 200 lugares junto ao mercado.