Autor da saga de fantasia Discworld morre aos 66 anos

Conhecido pela série cómica Discworld, Terry Pratchett sofria de Alzheimer há vários anos, mas fez questão de continuar a escrever. Em 2014, lançara o 41.º volume da saga, que usa o imaginário dos livros de feiticeiros para satirizar o mundo contemporâneo.

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O autor morreu em casa, rodeado pela família e com o gato a dormir ao seu lado na cama, diz ainda o comunicado da editora.

Os volumes da série Discworld, inaugurada em 1983 com The Colour of Magic (A Cor da Magia, na edição portuguesa da Temas e Debates), estão traduzidos em 37 línguas e venderam mais de 80 milhões de exemplares em todo o mundo.

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O autor morreu em casa, rodeado pela família e com o gato a dormir ao seu lado na cama, diz ainda o comunicado da editora.

Os volumes da série Discworld, inaugurada em 1983 com The Colour of Magic (A Cor da Magia, na edição portuguesa da Temas e Debates), estão traduzidos em 37 línguas e venderam mais de 80 milhões de exemplares em todo o mundo.

Mais do que um continuador de Tolkien ou C. S. Lewis, Pratchett era um humorista, que usava o imaginário das sagas de fantasia, com os seus feiticeiros e bruxas, para satirizar o mundo contemporâneo. Os seus verdadeiros mestres talvez se situem mais noutros domínios, da ficção científica - apreciava Arthur C. Clarke e Isaac Asimov - à rica tradição de humoristas britânicos, de Chesterton a P. G. Wodehouse.

Já a configuração física do seu universo fictício parece evocar algumas cosmogonias primitivas: Discworld é um mundo plano, em formato de disco, sustentado por quatro elefantes, que por sua vez se equilibram na carapaça de uma tartaruga. 

O protagonista dos primeiros livros da série, Rincewind, é um estudante falhado da escola de magia Unseen University (Universidade Nunca Vista). Rincewind é um feiticeiro sem quaisquer dotes mágicos, naturais ou adquiridos, e a sua característica mais óbvia é a covardia. Mas para sua desdita, vê-se constantemente envolvido em perigosas aventuras épicas.

Uma das personagens recorrentes dos seus livros é a Morte, e a sua filha Rhianna alude a ela na mensagem de Twitter em que dá notícia da morte do pai: “Terry deu o braço à Morte e atravessou com ela as portas que dão para o deserto negro sob a noite infindável”.

Pratchett tornou público, logo em 2008, que sofria de Alzheimer, e fez questão de não permitir que a doença o impedisse de escrever. No Verão de 2014, ainda conseguiu terminar o 41.º volume da saga Discworld, The Shepherd’s Crown, quinto livro da sub-série protagonizada pela bruxa Tiffany Aching.

Os livros da saga Discworld chegaram relativamente tarde a Portugal e não parecem ter tido um êxito comparável às sagas de J. R. R. Tolkien, J. K. Rowling, ou mesmo George R. R. Martin. Após a Caminho ter dado a conhecer Pratchett aos leitores portugueses, publicando alguns livros seus no início da década de 90, a obra do autor  de Discworld só reapareceu bastantes anos depois em edições da Temas e Debates, da Presença e, mais recentemente, da Saída de Emergência.