Vítor Gaspar ouviu “com atenção e delicadeza” Ricardo Salgado dizer-lhe que aderiu à amnistia fiscal

Numa resposta vaga e sem grandes revelações, o ex-ministro das Finanças assegurou à Comissão de Inquérito que não teve “conhecimento de questões particulares” que envolvessem o BES ou o GES enquanto esteve no Governo.

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Vítor Gaspar, ex-ministro das Finanças Reuters

Gaspar recebeu 21 perguntas. Respondeu a 18. A uma delas, a que lhe questionava a ausência, no seu mandato, a qualquer referência aos problemas do BES/GES, respondeu assim: “Não tenho nada a dizer sobre esta questão.” A outras duas, remeteu para respostas anteriores. Ponto fundamental: “Não dispunha, em Junho de 2013 [data em que deixou de ser ministro], de informação específica e objectiva que indicasse vulnerabilidade específica do BES/GES.”

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Gaspar recebeu 21 perguntas. Respondeu a 18. A uma delas, a que lhe questionava a ausência, no seu mandato, a qualquer referência aos problemas do BES/GES, respondeu assim: “Não tenho nada a dizer sobre esta questão.” A outras duas, remeteu para respostas anteriores. Ponto fundamental: “Não dispunha, em Junho de 2013 [data em que deixou de ser ministro], de informação específica e objectiva que indicasse vulnerabilidade específica do BES/GES.”

O actual responsável do FMI gasta boa parte da sua resposta a explicar o “contexto” em que surge citado no livro O último banqueiro, das jornalistas Maria João Gago e Maria João Babo, e ao fim de sete parágrafos acrescenta um desconcertante reparo: “Não me parece que possa ter usado as exactas palavras da frase que no livro se encontra entre aspas.” A frase é interessante: “Se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer.”

Aparentemente, Gaspar não tem muito a dizer. Até porque, garante, só ouviu “falar de dificuldades financeiras idiossincráticas no GES no final de 2013”. E da dependência extrema do Grupo ao Banco, isso só soube “mais tarde”, e “pela imprensa especializada internacional”.