Das eleições que Netanyahu quer ganhar pode sair um empate
Likud e coligação de centro-esquerda estão empatados nas sondagens. Ex-líder da Mossad lidera manifestação onde se pediu afastamento do primeiro-ministro israelita.
Se os analistas dizem que é a direita de Netanyahu quem tem garantidos mais apoios, à partida, é também contra o actual primeiro-ministro que se mobilizam grandes camadas da opinião pública. Dezenas de milhares de pessoas – até 80 mil, segundo a organização, ou 40 mil, segundo a polícia israelita – juntaram-se no domingo na Praça Rabin, em Telavive, para mandar Netanyahu embora, numa manifestação em que o principal orador era o ex-líder dos serviços secretos israelitas Meir Dagan, que tem insistido que este é o pior líder que o país já teve.
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Se os analistas dizem que é a direita de Netanyahu quem tem garantidos mais apoios, à partida, é também contra o actual primeiro-ministro que se mobilizam grandes camadas da opinião pública. Dezenas de milhares de pessoas – até 80 mil, segundo a organização, ou 40 mil, segundo a polícia israelita – juntaram-se no domingo na Praça Rabin, em Telavive, para mandar Netanyahu embora, numa manifestação em que o principal orador era o ex-líder dos serviços secretos israelitas Meir Dagan, que tem insistido que este é o pior líder que o país já teve.
“Temos um líder que faz apenas uma campanha – a campanha pela sua própria sobrevivência”, disse o velho espião da Mossad, citado pelo correspondente do Guardian. “Aos que dizem que não temos alternativa, eu digo, como alguém que trabalhou directamente com três primeiros-ministros: há alternativas melhores”, atirou à multidão.
O viúvo de uma tenente-coronel do exército israelita morta na guerra de Gaza do último Verão discursou também, apelando a que não sejam enviados mais soldados para a guerra. “Sim, senhor primeiro-ministro, o importante é a vida. Mas é impossível estar sempre a falar no Irão e recusar-se a enfrentar o conflito sangrento com os palestinianos, que nos tem custado tanto sangue”, afirmou, citado também pelo diário britânico.
As sondagens dão o Likud de Netanyahu e a coligação de centro-esquerda União Sionista (que junta o Partido Trabalhista liderado por Isaac Herzog e o Movimento, o novo partido centrista da ex-ministra dos Negócios Estrangeiros Tzipi Livni) empatados, com 23% dos votos. Mas enquanto o Likud se centra nas questões de segurança – e tem de suportar o peso de mais um falhanço das negociações de paz com os palestinianos, e de mais uma guerra com a Faixa de Gaza – o programa da aliança de esquerda tem a economia e as questões sociais como principais preocupações.
O centro-esquerda quer aumentar o orçamento nas áreas sociais, de educação e de saúde, e quer criar um Conselho de Habitação para tentar conter a subida dos preços do alojamento. “Israel precisa de um dirigente que não se dê por satisfeito em falar sobre aquilo que lhe faz medo. Precisa de um governante que tenha uma visão”, afirmou Tzipi Livni, no domingo, ao apresentar o programa da coligação.
Outro ponto importante dos planos da União Sionista será restabelecer os laços de confiança com os Estados Unidos – que se desfizeram entre Netanyahu e Barack Obama, sobretudo depois de o primeiro-ministro israelita ter ido a Washington discursar no Congresso, na semana passada, atacando as negociações sobre o nuclear com o Irão. O discurso foi feito à revelia da Casa Branca, e encarado como um gesto de campanha eleitoral levada até Washington.
Mas, após a votação, tudo dependerá das negociações entre os partidos. Há um novo partido de recorte populista, de centro-esquerda, o Kulanu, dirigido pelo ex-ministro Moshe Kahlon. E os partidos árabes israelitas uniram-se para ir a votos – representam 15% do eleitorado, pelo que podem vir a ter um papel fundamental, se conseguirem levar os eleitores às urnas.