Linces podem regressar ao Reino Unido depois de 1300 anos de ausência

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O lince-euroasiático é o maior dos quatro tipos de linces que existem no mundo Christopher T. Cooper/Creative Commons

O processo ainda vai no princípio e o projecto terá ainda de passar por consultas e autorizações por parte das entidades inglesas e escocesas responsáveis pela política de conservação da natureza. Para já, foi lançado um inquérito para avaliar a receptividade quanto à ideia.

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O processo ainda vai no princípio e o projecto terá ainda de passar por consultas e autorizações por parte das entidades inglesas e escocesas responsáveis pela política de conservação da natureza. Para já, foi lançado um inquérito para avaliar a receptividade quanto à ideia.

O lince-euroasiático é o maior dos quatro tipos de linces que existem no mundo. Outrora abundante na Europa, a sua população no continente chegou a cair para apenas 700 indivíduos em meados do século XX, devido à caça e à destruição de habitats, segundo a organização ambientalista WWF.

Mas a situação entretanto melhorou e hoje haverá cerca de 50.000 animais a nível global. A espécie não está ameaçada de extinção, contrariamente ao lince ibérico (Lynx pardinus), que está agora a ser reintroduzido em Portugal.

A maior parte dos linces-euroasiáticos está concentrada na Rússia e na China. Há números relativamente abundantes também nos países escandinavos e do Leste europeu. Mas na Europa Central, os linces só agora estão a regressar, fruto de projectos de reintrodução, por exemplo, nos Alpes e na Alemanha. No Reino Unido, os linces não são vistos já há 1300 anos.

Em Portugal e Espanha, a reintrodução do lince ibérico está a enfrentar um sério obstáculo: a falta de coelhos-bravos, que é seu o alimento quase exclusivo.

Mas a espécie euroasiática – também conhecida como lince comum – tem outras preferências gastronómicas. Aprecia sobretudo os veados, animal cuja população está em crescimento acelerado no Reino Unido, devido à falta de predadores. Estima-se que haja dois milhões de veados em território britânico e a sua expansão está a levá-los cada vez mais para perto das cidades. Há cerca de 74.000 atropelamentos de animais por ano, causando 10 a 20 mortes humanas, de acordo com Deer Initiave, organização que se dedica à disseminação de métodos sustentáveis para o controlo do problema.

O projecto de libertação dos linces encontra reticências junto dos agricultores, que consideram a iniciativa dispendiosa e de pouca eficácia. “Acreditamos que o dinheiro pode ser mais bem utilizado no desenvolvimento da biodiversidade existente”, disse um porta-voz da União Nacional de Agricultores, citado pelo jornal The Telegraph. Mas há também o receio de que os linces venham a atacar o gado, como acontece com os lobos.

A Lynx UK Trust considera que este risco é negligenciável. “Como um animal essencialmente de floresta, os linces raramente se encontram com animais de criação”, afirma Paul O’Donoghue, assessor científico da organização.