Novo Banco reduz custos da operação e já está a recuperar depósitos
Após um prejuízo de 468 milhões de euros no ano passado, Stock da Cunha espera lucros em 2016 e revela que está a analisar em conjunto com o BdP soluções para reembolsar os investimentos em papel comercial do GES
Num encontro com a comunicação social, que decorreu ao início da manhã desta segunda-feira, na sede do Novo Banco, em Lisboa, Stock da Cunha (que interveio de Londres por vídeo conferência), evidenciou que, apesar de todas as dificuldades, o rácio de capital a 31 de Dezembro ficou em 9,6%. Já o rácio de common equity tier 1, que indica o grau de solvabilidade da instituição, não passou de 0,6%, abaixo dos 10,3% apurados no final de Julho (quando o BES revelou prejuízos semestrais de 3570 milhões de euros, os maiores de sempre registados em Portugal).
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Num encontro com a comunicação social, que decorreu ao início da manhã desta segunda-feira, na sede do Novo Banco, em Lisboa, Stock da Cunha (que interveio de Londres por vídeo conferência), evidenciou que, apesar de todas as dificuldades, o rácio de capital a 31 de Dezembro ficou em 9,6%. Já o rácio de common equity tier 1, que indica o grau de solvabilidade da instituição, não passou de 0,6%, abaixo dos 10,3% apurados no final de Julho (quando o BES revelou prejuízos semestrais de 3570 milhões de euros, os maiores de sempre registados em Portugal).
“Não sei quanto vale o Novo Banco", mas "essa não é a nossa preocupação", disse Stock da Cunha na primeira apresentação de contas daquela instituição. O assunto “não ocupa 5% das minhas preocupações" e também "não me tira o sono", realçou.
"Mas acredito que possamos apresentar resultados positivos em 2016", notando, porém, que este ano a expectativa é ainda de prejuízos, mas substancialmente inferiores aos 467,9 milhões agora apurados.
Sobre a polémica à volta do investimento dos clientes do BES, que subscreveram papel comercial de empresas do GES, entretanto falidas, aos balcões do banco, Stock da Cunha começou por dizer “que esse tema não é do Novo Banco”, para logo reforçar a tese do Banco de Portugal (BdP): “Não se trata de uma divida do Novo Banco, mas de terceiros. Nem sequer é de entidades relacionadas com o Novo Banco”.
No entanto, "vamos encontrar uma solução para este problema que envolve cerca de 2500 pessoas num universo de quase dois milhões" de clientes do Novo Banco, realça, assegurando que a sua equipa e a de Carlos Costa está já a estudar várias soluções para resolver o problema e reembolsar os clientes que contestam a decisão do regulador de não considerar as suas aplicações [que foram efectuadas numa altura em que o BdP já sabia dos problemas do GES] uma responsabilidade do Novo Banco. Stock da Cunha confessou: “Não sei se conseguiremos chegar a uma solução, mas não desistimos.”
"Gostava de poder dizer que a única preocupação do Novo Banco" é o investimento dos clientes do BES em papel comercial de entidades do GES que entretanto faliram, “mas não é".
O banqueiro, há sete meses a liderar aquela que chegou a ser a segunda maior instituição privada portuguesa, aproveitou para mudar de agulha, acentuando que as “três linhas de força da actuação [são] a liquidez, o capital e a rentabilidade". "Foi o que nos orientou desde o princípio”, sublinhou.
Para Stock da Cunha, depois de ter sido a liquidez e o capital, a prioridade; em 2015 vai ser a rentabilidade. A 31 de Dezembro, o activo do Novo Banco estava em 65,4 mil milhões de euros, uma queda de 6900 milhões face ao balanço de 31 de Julho (antes do colapso do BES). O mesmo responsável revelou que o Novo Banco deixou em Novembro de depender da Linha de Emergência de Liquidez (ELA), isto quando a actividade foi normalizada, o que se revela “muito importante.” E, para isso, contribuiu o aumento dos depósitos de 4200 milhões de euros, movimento registado nos últimos meses de 2014. Apesar de a carteira de depósitos ascender agora a 26,6 mil milhões de euros, revela uma queda de 9300 milhões face a 31 de Julho de 2014.
Já o rácio de transformação de crédito em depósitos caiu para 126%, o que traduz o esforço que foi feito na melhoria de liquidez, reflectido no acréscimo da captação de poupanças em detrimento da concessão de crédito.
Entre Agosto e Dezembro, o Novo Banco perdeu 967 trabalhadores, tendo agora 7722 colaboradores. A operação em Portugal contava com 6950 postos de trabalho no momento da intervenção no BES, que caíram para 6834 em Dezembro de 2014.
Nos cinco meses de actividade (entre Agosto e Dezembro) os custos totalizaram 386,6 milhões de euros, uma redução de 5,8% face o trimestre anterior, correspondendo a maior fatia (191,2 milhões) a despesas com pessoal. "Sublinha-se o facto de incluírem 22 milhões de custos com a reforma antecipada de 53 colaboradores". Nas contas do Novo banco e que hoje foram divulgadas, a verba de 22 milhões integra ainda os montantes referentes às pensões de reforma e de sobrevivência, bem como de complementos, dos ex-administradores do BES que integraram a antiga Comissão Executiva liderada por Ricardo Salgado. Dado que o Banco de Portugal considerou que estas responsabilidades dizem respeito ao BES-tóxico, Stock da Cunha esclareceu que irá reverter a situação.
Sobre a proposta de concentração posta em cima da mesa pela empresária Isabel dos Santos (com 19% do BPI) entre o BPI (que se mostrou interessado em estudar o dossier de venda do Novo Banco) e o BCP (impossibilitado de o fazer por estar sujeito a uma recapitalização estatal), Stock da Cunha observou que “seria um movimento interessante", sem acrescentar outra opinião.