Criadores de jogos querem mais mulheres a jogar

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Durante a conferência dos criadores de jogos de vídeo, que se realizou em São Francisco, EUA, as mulheres foram tema não só porque não jogam, mas também porque não os inventam, nem estão envolvidas nesta indústria. Mais: também não existem jornalistas do sexo feminino a escrever sobre o assunto. É mundo dominado pelos homens.

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Durante a conferência dos criadores de jogos de vídeo, que se realizou em São Francisco, EUA, as mulheres foram tema não só porque não jogam, mas também porque não os inventam, nem estão envolvidas nesta indústria. Mais: também não existem jornalistas do sexo feminino a escrever sobre o assunto. É mundo dominado pelos homens.

Mas não é só uma questão de género. Nesta indústria, há mesmo quem fale de assédio e Elizabeth Sampat, criadora de jogos, recordou na conferência esse tema. “Se está a ser discriminada de alguma forma, se levantas a voz em defesa das pessoas que são discriminadas ou para pedir mais diversidade… então, é certo que és alguém que já foi perseguido”, disse, citada pela AFP, lembrando o "caso Zoe Quinn" que também ficou conhecido por Gamergate, tal foi a dimensão que teve.

Zoe Quinn é uma criadora de jogos que em parceria com dois colegas, Patrick Lindsey e Isaac Schankler, fez um jogo chamado Depression Quest. Este ganhou rapidamente visibilidade e teve muito sucesso. Mas, pouco depois de o jogo ter sido lançado, o ex-namorado de Quinn escreveu um post no seu blogue em que dizia que a mulher se tinha envolvido com um jornalista e, por isso, o jogo tinha ganho tanta fama.

Quinn começou a ser ameaçada por anónimos – de morte, mutilação e violação. As ameaças foram de tal modo violentas que fizeram com que a criadora, temendo pela sua vida, mudasse de morada, passasse a trabalhar a partir de casa e colaborasse com as autoridades para encontrar os que a ameaçavam. Tudo isto porque era mulher, considera Elizabeth Sampat.

“Temos um medo irracional que a chegada das mulheres possa ser problemático”, reconhece Kate Edwards, presidente da Associação Internacional de Criadores de Jogos (IGDA, na sigla inglesa), à AFP. Um estudo publicado o ano passado por esta associação, revela que apenas 22% dos que trabalham nesta indústria são mulheres, cinco anos antes eram apenas 7%.

Mas o estudo mostrou também que cerca de 49% dos jogadores eram mulheres. Há jogos que são exclusivamente pensados e jogados por mulheres e que se estão a tornar um sucesso. É o caso de “Crush Candy” que compete com pesos-pesados de jogos de guerra e de acção, revelam os dados da associação. “O sector dos jogos mudou” com a proliferação de jogos para matar o tempo, descarregados para os smartphones e tablets, conclui Edwards.