Costa espera respostas de Passos Coelho para tirar "ilações" políticas
Alegre defende que o PS já devia ter pedido a demissão do primeiro-ministro. Passos Coelho admitiu ao Sol ter entregado declarações de impostos fora do prazo “por distracção e por falta de dinheiro”.
"O PS dirigiu um conjunto de perguntas ao senhor primeiro-ministro e aguardamos pela resposta", disse António Costa ao jornalistas, em Coimbra, realçando que Pedro Passos Coelho tem esse "dever de explicação" e que já deveria ter respondido às questões colocadas pelo PS.
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"O PS dirigiu um conjunto de perguntas ao senhor primeiro-ministro e aguardamos pela resposta", disse António Costa ao jornalistas, em Coimbra, realçando que Pedro Passos Coelho tem esse "dever de explicação" e que já deveria ter respondido às questões colocadas pelo PS.
António Costa disse que, após ter as respostas de Passos Coelho, retirará daí as suas "ilações", optando por não responder directamente a questões sobre um eventual pedido de demissão do primeiro-ministro. A possibilidade dos socialistas exigirem a demissão de Passos foi admitida por Manuel Alegre, em declarações ao Diário de Notícias na sua edição desta sexta-feira: “Passos Coelho já deveria ter sido confrontando pelo PS e pelos outros partidos da esquerda perante a obrigação ética e política de se demitir”.
Assim, as palavras de Costa nesta manhã, em Coimbra - ao fim de quase uma semana do PÚBLICO ter noticiado as dívidas do primeiro-ministro e depois de já se ter recusado a falar sobre o caso nos últimos dias -, são uma resposta indirecta a Alegre e aos que, no PS, reclamam por uma atitude mais interventiva neste caso.
"O primeiro-ministro tem usado e abusado da imunidade política que lhe ofereceu o senhor Presidente da República e não percebeu que quem exerce funções públicas está sujeito - tendo obviamente direito à sua privacidade - ao dever de explicação, ao dever de esclarecer os cidadãos sobre os atos que praticou", sustentou o líder socialista, citado pela Lusa.
"Sobretudo num momento de martírio fiscal sobre os portugueses e em que esta maioria, este Governo e este primeiro-ministro se têm mostrado absolutamente insensíveis aos dramas de tantos portugueses relativamente ao cumprimento das suas obrigações, não se percebe" como é que Passos Coelho "acha que pode usar e abusar da imunidade política que o senhor Presidente da República lhe ofereceu, para não esclarecer prontamente e cabalmente todas as dúvidas que têm sido suscitadas", salientou o secretário-geral do PS.
"Umas vezes por distracção, outras por falta de dinheiro"
Numa declaração desta sexta-feira ao semanário Sol, o primeiro-ministro admitiu ter entregado declarações de impostos fora do prazo. “Houve anos em que entreguei declarações e pagamentos fora de prazo com coima e juros, umas vezes por distracção, outras por falta de dinheiro”, alegou. Uma argumentação que é novidade no discurso de Passos Coelho sobre esta matéria.
Do mesmo modo, reconheceu ser incapaz de explicar o seu histórico fiscal entre 2003 e 2007, os anos em causa: “Não guardo memória dos números de processo nem de valores, já que nunca vi interesse em conservar papéis anos a fio de situações que ficaram regularizadas.” Já quanto à forma como saldou as contas, disse nunca ter recorrido à contestação “nem a manobras dilatórias”.