Ex-ministro francês detido por suspeita de financiamento líbio a Sarkozy
Acusações de financiamento por Kadhafi da campanha presidencial de 2007 vêm de 2012. É a terceira vez em pouco mais de um ano que Claude Guéant é ouvido.
É a terceira vez em pouco mais de um ano que Guéant, ministro entre Fevereiro de 2011 e Maio de 2012, é detido para interrogatório, em processos diferentes.
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É a terceira vez em pouco mais de um ano que Guéant, ministro entre Fevereiro de 2011 e Maio de 2012, é detido para interrogatório, em processos diferentes.
Com esta inquirição, os investigadores querem apurar a origem de mais de 500 mil euros transferidos do estrangeiro para a conta de Guéant, em 2008, escreveu o Le Monde.
Quando a transferência foi divulgada, o ex-ministro, braço-direito de Sarkozy, disse que o dinheiro era proveniente da venda a um advogado malaio de dois quadros do pintor flamengo do século XVII Andries van Eertvelt, e que “nada tinha a ver com a Líbia”.
Os investigadores suspeitam, segundo o diário francês, que o alegado negócio com o advogado possa ter sido uma forma de ocultar movimentos suspeitos de fundos. Especialistas terão garantido que as obras de Andries van Eertvelt nunca atingiram valores daquela grandeza, especialmente quadros de pequenas dimensões, avaliados em cerca de 15 mil euros.
Para vender as obras para o estrangeiro, Claude Guéant, que também foi secretário-geral da Presidência francesa, deveria ter obtido um certificado do Ministério da Cultura do qual constasse o preço de transacção que indica.
As acusações de financiamento da Líbia de Muammar Kadhafi à campanha de 2007 que conduziu Nicolas Sarkozy à presidência foram divulgadas na corrida eleitoral de 2012, que perdeu para François Hollande. O site de jornalismo de investigação Mediapart publicou um documento sobre um acordo para financiamento da campanha. Sarkozy garantiu que é falso.
Um inquérito judicial por “corrupção activa e passiva” e “tráfico de influências" foi aberto em Abril de 2013.
Claude Guéant foi anteriormente ouvido, em finais de 2013, num caso de bónus não declarados que lhe terão sido pagos em dinheiro quando chefiou o gabinete de Sarkozy, na altura em que este foi ministro do Interior e já depois de esses bónus terem sido suprimidos.
Em Maio de 2014 voltou a ser ouvido sobre suspeitas de interferência, quando era secretário-geral do Eliseu, num controverso caso de arbitragem que levou ao pagamento de uma indemnização ao empresário Bernard Tapie por alegados prejuízos decorrentes da venda da empresa de artigos desportivos Adidas, na qual detinha uma participação accionista, ao banco Crédit Lyonnais.