Reformas propostas pela Grécia incluem turistas a ajudar no combate à fraude fiscal
Atenas detalha medidas que pretende discutir com os parceiros europeus nas próximas semanas para garantir última tranche do empréstimo.
Depois de obter, no final de Fevereiro, um acordo para o prolongamento do programa da troika por mais quatro meses com base numa lista de reformas com poucos detalhes, as autoridades gregas têm agora a tarefa de tentar convencer os seus parceiros do resto da zona euro a darem a sua aprovação para libertação dos fundos previstos no segundo resgate grego. Para isso, têm avisado várias capitais europeias, têm de dar sinais de estar a colocar em prática as reformas prometidas.
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Depois de obter, no final de Fevereiro, um acordo para o prolongamento do programa da troika por mais quatro meses com base numa lista de reformas com poucos detalhes, as autoridades gregas têm agora a tarefa de tentar convencer os seus parceiros do resto da zona euro a darem a sua aprovação para libertação dos fundos previstos no segundo resgate grego. Para isso, têm avisado várias capitais europeias, têm de dar sinais de estar a colocar em prática as reformas prometidas.
Como preparação para a reunião do Eurogrupo da próxima segunda-feira, o ministro das Finanças grego fez chegar ao presidente do Eurogrupo uma carta em apresenta com mais detalhe sete reformas “em que o novo Governo tem estado a trabalhar” e que, diz Yanis Varoufakis, podem ser as primeiras a serem discutidas nos trabalhos de ordem técnica que as autoridades gregas irão iniciar com as instituições da troika.
O ministro grego diz ainda a Jeroen Dijsselbloen que acredita que a maioria das medidas propostas em Fevereiro possa ser especificada “o mais rápido possível”, servindo, depois de aprovação pelo Eurogrupo e pelo Parlamento grego, como “base da avaliação”. Os encontros técnicos entretanto devem, de acordo com o Governo grego, realizar-se em Bruxelas, evitando assim novas visitas da troika a Atenas.
As medidas agora apresentadas estão na sua maioria relacionadas com a obtenção (mesmo no curto prazo) de mais receitas e de limitação de despesas. São também apresentadas medidas cujo objectivo é o combate às situações de maior pobreza que se registam actualmente na sociedade grega.
Uma das medidas que promete tornar-se emblemática no esforço de combate à fraude fiscal prometido pelo Governo Tsipras é contratar, por um período máximo de dois meses, “inspectores não-profissionais” para, como clientes, detectarem e registarem (através de gravações de imagem e som) os comportamentos fraudulentos que encontrem junto de comerciantes e empresas.
Em particular, coloca-se a possibilidade de estudantes e turistas poderem ajudar nesta caça à fuga ao pagamento do IVA. Na carta, Varoufakis argumenta que a máquina fiscal não conta neste momento com meios suficientes para realizar os raides que são precisos.
Para obter receitas rapidamente, o Governo grego avança também para uma amnistia fiscal. Se realizarem pagamentos em falta nas próximas semanas, quem deve impostos pode ter direito a um imposto ou pelos menos a um perdão das multas. O objectivo é incentivar os contribuintes a pagarem parte de uma dívida acumulada que ascende já aos 76 mil milhões de euros. Será também lançado um programa de pagamento de dívidas fiscais por prestações.
O Governo conta ainda obter receitas com as licenças e pagamento de impostos decorrente da legalização do jogo online.
Para melhorar a forma como a política orçamental é gerida na Grécia, o Governo quer pôr a funcionar um conselho de finanças públicas, mudar as regras orçamentais, incluindo o estabelecimento de metas de despesa sectoriais e de mecanismos de penalização.
Por fim, o Governo grego avança com algumas das medidas prometidas na campanha eleitoral de apoio às camadas mais desprotegidas da população. Será dado um apoio de 100 euros por mês a um máximo de 300 mil famílias, a electricidade voltará a ser ligada para as famílias que deixaram de a conseguir pagar e fornecida gratuitamente até 300 Kw/h por habitação e serão pagas rendas a 30 mil famílias sem qualquer rendimento. No total, com estas medidas, o Governo prevê gastar 200,29 milhões de euros este ano, algo que será compensado com reduções da despesa de funcionamento dos ministérios (60,9 milhões de euros) e com um novo sistema de aquisição de bens e serviços em cada ministério (140 milhões de euros).