Fotografia de um cavalo-marinho deu mais um prémio a Nuno Sá
Concurso distinguiu o português como Melhor Fotógrafo Subaquático de 2015, com uma imagem feita na Ria Formosa
Nuno Sá passou dez dias a mergulhar na Ria Formosa, entre dezenas de cavalos-marinhos. A fotografia que tirou a um destes tímidos animais valeu-lhe agora o prémio de Melhor Fotógrafo Subaquático do Ano 2015, num concurso internacional que distingue as melhores imagens captadas dentro de água.
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Nuno Sá passou dez dias a mergulhar na Ria Formosa, entre dezenas de cavalos-marinhos. A fotografia que tirou a um destes tímidos animais valeu-lhe agora o prémio de Melhor Fotógrafo Subaquático do Ano 2015, num concurso internacional que distingue as melhores imagens captadas dentro de água.
Com a mesma fotografia, que baptizou de "50 Tons of Me" (50 toneladas de mim), venceu também o prémio de melhor fotografia "macro". A imagem retrata um dos cavalos-marinhos de focinho comprido (Hippocampus guttulatus) que habitam as águas da Ria Formosa, no Algarve, casa da maior população desta espécie que ocorre por todo o mar Mediterrâneo.
"Passei dez dias a mergulhar nesta reserva natural para a 'National Geographic Portugal' no âmbito de um projecto pioneiro entre a Universidade do Algarve e o Project Seahorse, que tem reproduzido cavalos-marinhos em cativeiro” para evitar a captura na natureza, onde estes animais quase se extinguiram, conta Nuno Sá, citado pelo site oficial do concurso.
Por volta de 2001-2002, as estimativas, com base em estudos de monitorização na ria de Olhão a Faro, apontavam para a existência de dois milhões de cavalos-marinhos de focinho comprido. Em 2008, uma nova monitorização revelou um declínio drástico da população — na ordem dos 94%, reduzindo-os assim para os 120 mil.
O nome atribuído à fotografia deve-se a um triste facto. "Mais de 50 toneladas de cavalos-marinhos são capturados anualmente para fins decorativos e para uso na medicina tradicional oriental", recorda Nuno Sá, que encara o seu trabalho como uma missão de activismo e sensibilização ambiental.
O júri da competição — Alex Mustard, Martin Edge e Peter Rowlands, fotógrafos subaquáticos premiados e com várias décadas de experiência —, destacou a composição “simples mas muito eficaz” de Nuno Sá. “O que me atrai particularmente nesta imagem é a qualidade da luz e da sombra tornada possível através do uso subtil do 'flash'. É como se estivesse iluminada a partir do interior”, elogia Martin Edge, descrevendo a imagem como “um excelente exemplo de um pós-processamento delicado”.
Nesta primeira edição do concurso Underwater Photographer of the Year, que distingue fotografias subaquáticas em qualquer categoria (não apenas sobre vida selvagem), foram avaliadas 2500 imagens. Os resultados foram revelados em Fevereiro, em Londres.
Mais um prémio
Natural de Lisboa mas a residir nos Açores há mais de uma década, Nuno Sá é o fotógrafo subaquático português mais premiado internacionalmente em concursos de fotografia de natureza.
Em 2008, quando começou a dedicar-se profissionalmente à fotografia, foi o primeiro português distinguido no "Wildlife Photographer of the Year", o concurso de fotografia de vida selvagem organizado pela BBC e pelo Museu de História Natural de Londres. Venceu com uma imagem de orcas ao pôr-do-sol, tirada ao largo da ilha de São Miguel. Passou uma tarde inteira no mar para conseguir a imagem certa.
Em 2011, a fotografia de um tubarão azul valeu-lhe outro primeiro prémio na categoria Oceanos, no Winland Smith Rice International Awards, o concurso mais importante de fotografia de natureza dos Estados Unidos. Em 2013 ganhou uma medalha de ouro e outra de prata no prestigiado DEEP Indonesia International Underwater Photo Competition, com fotografias de jamantas (a maior espécie da família das raias) e tubarões.
Em 2010, Nuno Sá fundou a primeira produtora portuguesa especializada em imagens subaquáticas, a Atlantic Ridge Productions. Já colaborou como produtor, director de fotografia e operador de câmara em produções para diversos canais de televisão nacionais e internacionais, bem como produções independentes.