Caravana de mulheres deprimidas
Tommy Lee Jones, como realizador, pode mais do que isto, se estiver para aí virado.
É ir ver, por exemplos que ficam longe de esgotar o assunto, Forty Guns, Westward the Women, Seven Women, Cattle Queen of Montana, assinados por esses bárbaros pioneiros que se chamaram Samuel Fuller, William Wellman, John Ford e Allan Dwan, e depois falamos. Serve esta introdução para sustentar que The Homesman chega com uma reputação algo equívoca: a de que seria um olhar “raro” e “moderno” sobre o papel das mulheres na “fronteira” americana do século XIX.
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É ir ver, por exemplos que ficam longe de esgotar o assunto, Forty Guns, Westward the Women, Seven Women, Cattle Queen of Montana, assinados por esses bárbaros pioneiros que se chamaram Samuel Fuller, William Wellman, John Ford e Allan Dwan, e depois falamos. Serve esta introdução para sustentar que The Homesman chega com uma reputação algo equívoca: a de que seria um olhar “raro” e “moderno” sobre o papel das mulheres na “fronteira” americana do século XIX.
Ora que é “raro” não são as mulheres nos westerns, o que se tornou raro são os westerns, género tornado impossível a não ser como “acontecimento”. Tommy Lee Jones, contudo, insiste: é o seu segundo western como realizador, depois da estreia, vai para dez anos, com o muito curioso (e mais conseguido) Os Três Enterros de Melquiades Estrada, que sendo uma narrativa contemporânea se construía sempre em relação com a memória do género. Aqui estamos mesmo no coração da época, nos confins do Nebraska, e com a história de uma “caravana de mulheres”, deprimidas por agruras várias, rumo a uma igreja pronta a acolher gente perturbada. Hilary Swank é a líder da “caravana”, e pelo caminho encontra a personagem de Jones, um aventureiro in extremis salvo do linchamento. A partir daqui The Homesman é sobretudo a história da relação entre estes dois protagonistas, e mais, ou menos, do que um western, um típico “filme de actores”. Quer dizer, Jones e Swank brilham, em personagens cuidadosamente compostas e, como óptimos actores que são, muito bem interpretadas, mas instala-se um défice de crença – ficamos com o número deles e com a relação deles, mas a direcção de Jones, tão segura como académica, longe da verve mostrada no seu filme de estreia, contenta-se com essa modéstia no limite do estimável. O final, em curiosa “deflação” (a barcaça, a música e a dança), já não vem a tempo de redimir a sensaboria do filme mas mostra que Jones, como realizador, pode mais do que isto, se estiver para aí virado.