PCP de "cara levantada" contra a corrupção e pela mudança na Europa

Jerónimo de Sousa apela à mobilização dos comunistas para as eleições do início do Outono. Distribuiu críticas pelo Governo e pelo PS, de quem disse fazer-se de "morto" porque não apresenta propostas.

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Jerónimo diz que o PCP já apresentou no parlamento "dezenas” de propostas legislativas sobre as MPME Enric Vives-Rubio

Jerónimo de Sousa falava no encerramento do Encontro Nacional do PCP, que decorreu em Loures, após mais de mil militantes comunistas terem aprovado por unanimidade uma resolução política intitulada “Não ao declínio nacional, soluções para o país”.

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Jerónimo de Sousa falava no encerramento do Encontro Nacional do PCP, que decorreu em Loures, após mais de mil militantes comunistas terem aprovado por unanimidade uma resolução política intitulada “Não ao declínio nacional, soluções para o país”.

Segundo o líder comunista, o PCP parte para os próximos combates eleitorais “com a confiança de quem esteve sempre do lado certo, do lado dos interesses nacionais, na defesa da soberania e da independência nacionais; que rejeita a crescente submissão de Portugal à União Europeia e afirma o direito do povo português a decidir sobre o seu futuro".

Mas Jerónimo de Sousa foi ainda mais longe, recebendo uma salva de palmas, ao dizer que o PCP parte com a confiança "de quem se apresenta de cara levantada que, na actual torrente de corrupção e actos ilícitos, pode apresentar um percurso de verdade, de reconhecido respeito pela palavra dada, de honestidade, trabalho e competência".

Na sua intervenção, o líder comunista fez duras críticas ao PSD, CDS e PS, e procurou desmontar a ideia de que, após o programa de assistência financeira, o pior já passou para o país. “A prosseguir este Governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas sem troika pelas mãos do PSD e do CDS, ou por outras que as tornem no essencial como suas (como vemos o PS), os portugueses só podem esperar o pior. Por trás da máscara do disfarce eleitoral - do pior já não fica, que agora tudo é positivo, tudo é a somar -, está essa agenda escondida, traduzida na língua de pau do economês dominante”, acusou.

Neste contexto, o secretário-geral do PCP deixou ainda outra advertência sobre a actuação política dos líderes do PSD e do CDS. “Os portugueses sabem hoje por experiência própria quanto valem as palavras de Passos e Portas. Duram tanto como a manteiga em focinho de cão”, disse.

Fez também duras críticas sobre a actuação do Executivo português após a eleição do novo Governo da Grécia, agindo “não a pensar no seu povo, mas na sua própria sobrevivência”. O Governo de Passos Coelho “tomou nas suas mãos a bandeira alheia dos algozes dos povos, numa posição de humilhante submissão para fazer desse caso - da questão grega - uma vacina contra a mudança”. “Mas não há vacinas contra a mudança”, sustentou.

O secretário-geral do PCP atacou também o PS, considerando que escolheu “fazer o papel de morto para não clarificar ao que vem e assim tentar ficar livre de justificar a mudança faz-de-conta que todas as suas posições e declarações pré-anunciam”. No seu discurso, Jerónimo de Sousa apelou à participação numa marcha nacional “pela libertação e dignidade nacionais” prevista para 6 de Junho em Lisboa.

O encontro dos comunistas, que durou todo o dia e teve cerca de três dezenas de intervenções onde se fez um retrato do Portugal actual, se falou das propostas de solução dos comunistas e do trabalho, contou também com a participação do presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares. O comunista e antigo líder da bancada parlamentar do PCP apelou à mobilização para as legislativas do início do Outono.

“Nenhum eleito pode ficar no seu gabinete à espera que as eleições legislativas passem, como se fossem tarefa de outros camaradas ou de outros activistas", advertiu o ex-líder parlamentar do PCP perante mais de mil militantes comunistas no pavilhão Paz e Amizade, motivando então uma prolongada ovação. A tarefa principal do PCP, apontou, é demonstrar que tem soluções “e que os partidos não são todos iguais”.

“Aquilo que fazemos nas autarquias estamos em condições de fazer também no país”, defendeu Bernardino Soares.