Governo grego vai reabrir televisão pública encerrada em 2013

Parlamento alemão aprovou extensão do programa de assistência à Grécia. Varoufakis disse que reformas prometidas por Atenas foram deliberadamente vagas por recomendação dos homólogos europeus.

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Anterior Governo "apagou" a ERT em Junho de 2013 LOUISA GOULIAMAKI/AFP

Fonte governamental citada pela AFP disse que a reabertura não terá efeitos negativos para as finanças públicas. Nikos Pappas, ministro de Estado, afirmou que o Governo “não exclui o aumento da taxa” para financiar a ERT.

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Fonte governamental citada pela AFP disse que a reabertura não terá efeitos negativos para as finanças públicas. Nikos Pappas, ministro de Estado, afirmou que o Governo “não exclui o aumento da taxa” para financiar a ERT.

O encerramento da estação, em Junho de 2013, ordenado pelo então primeiro-ministro conservador, Antonis Samaras, foi justificado com a austeridade. O chefe do Governo na altura argumentou com os custos da empresa, que considerou excessivos para uma Grécia em crise.

A interrupção de emissões provocou uma crise no Governo, com os socialistas do Pasok e o partido de esquerda-democrática Dimar – que na altura também integrava a coligação liderada pela Nova Democracia – a demarcarem-se da decisão.

O caso ERT teve repercussão internacional e motivou manifestações apoiadas pelo Syriza, que hoje lidera o Governo, e uma greve geral contra uma decisão comparada por sindicatos e oposição a um “golpe de Estado”. Durante meses as instalações foram ocupadas por trabalhadores que se opunham ao encerramento. A União Europeia de Radiodifusão condenou o fecho.

A estação foi substituída provisoriamente pela DT. Mais tarde, deu lugar à Nerit, com apenas 500 funcionários, menos de um quinto do pessoal da ERT e uma programação reduzida.

Na campanha, Tsipras comprometeu-se a reabrir a antiga estação. “O Governo não se limita a regressar ao antigo quadro [de funcionamento]; vai fazer face aos problemas, mas sem iniciativas inadmissíveis do anterior Governo, como a de impor um ecrã negro”, disse esta sexta-feira a fonte governamental.

Entre as críticas que eram feitas ao operador público antes do encerramento estavam o desperdício e o elevado número de funcionários. Muitos reformaram-se e uma parte foi despedida. Dezenas de jornalistas foram contratados pela Nerit, que foi acusada de condescendência para com o anterior Governo conservador-socialista.  

O regresso da ERT foi anunciado no dia em que os deputados alemães aprovaram, por esmagadora maioria, a extensão do programa de assistência financeira à Grécia. Dos 587 que votaram, 542 disseram “sim” ao prolongamento do acordo por quatro meses; 32 votaram contra e 13 em branco. A votação não surpreende, porque todos os partidos parlamentares estavam a favor do extensão. Os votos contra e em branco vieram da área política da chanceler, Angela Merkel.

O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, pedira o voto favorável, embora tivesse admitido que não seria uma posição fácil para muitos deputados. “Peça a todos para não desaprovarem, porque causaríamos danos muito grandes ao nosso povo e ao nosso futuro”, disse, segundo a AFP.

O Governo de Berlim precisava da aprovação do Parlamento para dar o seu acordo à extensão do programa em vigor deste 2012 e que agora termina a 30 de Junho. “Nós, alemães, devemos fazer tudo para que a Europa permaneça unida”, disse Schäuble, num discurso em tom grave. O acordo “não representa mais milhares de milhões para a Grécia, não implica quaisquer mudanças no programa existente”, declarou também.

A negociação entre a Grécia e os credores foi desbloqueada há uma semana. Como contrapartida à extensão do acordo, o Governo de Tsipras fez chegar na terça-feira a Bruxelas uma lista de reformas. É um documento deliberadamente vago, como reconheceu esta sexta-feira o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis.

Os compromissos gregos não incluem prazos, nem metas quantificadas, porque foi essa a recomendação que lhe terá sido feita pelos homólogos europeus. Numa entrevista à Antenna TV, Varoufakis disse que foi aconselhado a não mencionar números para evitar eventuais objecções dos parlamentos dos países da zona euro.