Blogger morto à machadada na capital do Bangladesh
Avijit Roy, ateu e promotor do secularismo, já tinha sido ameaçado por fundamentalistas islâmicos pelas suas posições.
“Ele morreu quando estava a ser transportado para o hospital. Sofreu ferimentos fatais na cabeça. A sua mulher está gravemente ferida, perdeu um dedo”, disse o director da polícia local, Sirajul Islam.
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“Ele morreu quando estava a ser transportado para o hospital. Sofreu ferimentos fatais na cabeça. A sua mulher está gravemente ferida, perdeu um dedo”, disse o director da polícia local, Sirajul Islam.
O casal, emboscado pelos atacantes, foi encontrado num passeio com os corpos cobertos de sangue. A polícia recuperou dois machados usados: “Vários atacantes participaram e pelo menos dois atingiram-nos directamente.”
Autor de uma dezena de livros, Roy fundou um blogue muito popular em bengali chamado Mukto-mona (Livre Pensamento). Segundo o seu pai, Ajoy Roy, tinha recebido inúmeros emails e mensagens “ameaçadoras” nas redes sociais por parte de extremistas.
Roy, com 42 anos, era “um verdadeiro aliado, um defensor corajoso e eloquente da razão, da ciência, da liberdade de expressão, num país onde estes valores são alvo de ataques violentos”, declarou num comunicado o Center for Inquiry, uma associação de promoção do livre pensamento nos Estados Unidos.
Imran H. Sarker, presidente da associação de bloggers do Bangladesh, descreveu um ataque “escandaloso” que o deixa “extremamente inquieto pela segurança dos escritores” no seu país. Pinaki Bhattacharya, blogger e amigo de Roy, lembrou que um distribuidor de livros online foi ameaçado por vender as obras do autor assassinado. “No Bangladesh, o alvo mais fácil é um ateu. Um ateu pode ser atacado e assassinado”, escreveu Bhattacharya no Facebook.
Em 2013, outro blogger ateu crítico do fanatismo religioso, Ahmed Rajib Haider, foi morto à machadada por um grupo islamista desconhecido. Na altura, houve várias manifestações nacionais de protesto, ao mesmo tempo que diferentes grupos islamistas ameaçavam bloggers e activistas acusados de blasfémia, pedindo que fossem executados.
O Governo de Sheikh Hasina, primeira-ministra, intensificou as medidas para proteger alguns dos ameaçados, mas prendeu outros e bloqueou sites e blogues. Oficialmente, o Bangladesh, país onde 90% dos 160 milhões de habitantes são muçulmanos, tem um governo secular.