Grão Vasco promovido a museu nacional

Última vez que um museu passou a ter a designação de nacional foi em 1965. Ainda falta o parecer do Conselho Nacional da Cultura.

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A reclassificação de um museu é um acto “inédito” que não acontecia desde 1965. Uma “reposição de justiça”, acrescenta Agostinho Ribeiro, director do museu de Viseu. A notícia foi quarta-feira avançada numa reunião conjunta entre o director do Grão Vasco e o presidente da Câmara de Viseu.

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A reclassificação de um museu é um acto “inédito” que não acontecia desde 1965. Uma “reposição de justiça”, acrescenta Agostinho Ribeiro, director do museu de Viseu. A notícia foi quarta-feira avançada numa reunião conjunta entre o director do Grão Vasco e o presidente da Câmara de Viseu.

Foi com o regulamento de 1965 que ficou estabelecido quais os núcleos museulógicos que passariam a nacionais e os que ficaria com a designação de regionais. Ou seja, criou-se o conceito de museu nacional, regional e municipal, tal como hoje são conhecidos. Até aí apenas três museus estavam referenciados como nacionais e não havia outras designações.

O dossier a pedir a nova titularidade foi entregue em Julho de 2014 e a decisão política chegou sete meses depois, um tempo que surpreendeu positivamente Agostinho Ribeiro. “O processo decorreu normalmente e, talvez, a rapidez da solicitação se prenda com uma questão maior que é a do próximo ano comemorarmos o centenário”, avança.

O Grão Vasco é o terceiro museu a ficar com a designação de nacional fora de Lisboa, além dos museus Soares dos Reis (Porto) e Machado de Castro (Coimbra). Para o processo ficar concluído, falta apenas o parecer, não vinculativo, do Conselho Nacional de Cultura que se reunirá em finais de Março.

“É um caso inédito na história da museulogia em Portugal e a designação retrata aquilo que é uma reposição de justiça”, reafirma Agostinho Ribeiro para quem a classificação deveria ter sido logo atribuída aquando da constituição do museu na Primeira República. Para o director do Grão Vasco, o acervo da instituição, o facto de estar ligada a uma figura como a do pintor Vasco Fernandes, a importância histórica e as estatísticas dos números de visitantes são os factores preponderantes para a atribuição do título.

“Não há um único elemento que não possa ser chamado à fundamentação para a designação nacional que o Grão Vasco não cumpra. Desde logo porque tem um património com obras de interesse nacional e que nos coloca numa fasquia cimeira das entidades museulógicas, depois porque tem uma figura associada que é única e também a profundidade histórica da própria instituição que no próximo ano faz 100 anos”, sublinha. Agostinho Ribeiro lembra que “verdadeiramente não há critérios pré-definidos que sejam necessários cumprir" para obter a designação e que estes se prendem, essencialmente, com a “percepção que temos da importância dos acervos e da sua inserção na comunidade”.

“Depois dos museus nacionais, o Grão Vasco foi o que mais cresceu em número de visitantes”, recorda Agostinho Ribeiro. Foi o sexto museu do país que teve mais visitas e a segunda cidade onde esse número mais aumentou, sendo só ultrapassado por Lisboa. Em números absolutos, pelo museu de Viseu, em 2014, passaram 80.241 visitantes, dos quais 62.826 foram nacionais e 17.415 estrangeiros. Relativamente ao ano de 2013, o Grão Vasco registou um aumento de 16% no total de visitantes e 22% nos visitantes estrangeiros.

Sobre as vantagens de ser museu nacional, o director diz que a titularidade irá trazer “uma projecção maior quer nacional, quer internacional”, frisando que em termos operacionais e de gestão continua a estar debaixo da alçada da Direcção-Geral do Património Cultural. Vantagens realçadas também pelo presidente da Câmara de Viseu. Almeida Henriques deixa ainda a satisfação por a unanimidade neste desígnio e a “actuação conjunta” terem conseguido resultados que irão projectar a cidade de Viseu enquanto pólo cultural.