Albert Rivera, o jovem político “cool” que até já posou nu
Deputado ao parlamento catalão pelo Cidadãos desde 2006, Albert Rivera ganhou notoriedade nos últimos meses. O advogado que não defende a independência da Catalunha é o político com mais aprovação entre os eleitores espanhóis
Albert Rivera é de Barcelona mas não quer ver a Catalunha independente — e esta foi uma das razões que aproximou o advogado de 35 anos da política espanhola. À frente do Cidadãos (Ciutadans — Partit de la Ciutadania, no original catalão) há quase nove anos, tem ganho particular notoriedade e presença mediática nos últimos meses. É jovem, “não parece um político” e esta parece ser a sua hora: resultados surpreendentes nas últimas sondagens da Metroscopia (publicadas no “El País”) mostram que o presidente do C’s, partido percepcionado como de centro direita, é o político mais valorizado pelos eleitores espanhóis. À sua frente só está o rei Filipe VI.
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Albert Rivera é de Barcelona mas não quer ver a Catalunha independente — e esta foi uma das razões que aproximou o advogado de 35 anos da política espanhola. À frente do Cidadãos (Ciutadans — Partit de la Ciutadania, no original catalão) há quase nove anos, tem ganho particular notoriedade e presença mediática nos últimos meses. É jovem, “não parece um político” e esta parece ser a sua hora: resultados surpreendentes nas últimas sondagens da Metroscopia (publicadas no “El País”) mostram que o presidente do C’s, partido percepcionado como de centro direita, é o político mais valorizado pelos eleitores espanhóis. À sua frente só está o rei Filipe VI.
É presença frequente em programas de televisão e tertúlias políticas, tem uma imagem cuidada e saltou do domínio catalão para o nacional, passando para a frente do também jovem Pablo Iglesias, do Podemos, em termos de notoriedade e popularidade. Quando comparado com o líder do partido que vai à frente nas sondagens (27,7% dos espanhóis inquiridos manifestam intenção em votar no Podemos), Rivera admite que ambos fazem “nova política” e que se identifica em termos de geração. “Mas ele [Iglesias] faz [política] com ideias velhas, como intervencionismo”, critica, em entrevista ao “El Mundo”.
As mesmas sondagens, publicadas no início de Fevereiro pelo diário “El País”, revelam que as intenções de voto no Cidadãos (12,2%) e no Podemos (27,7%) combinadas são superiores à soma das percentagens do Partido Popular, PP (20,9%), no poder, e do Partido Socialista Operário Espanhol, PSOE (18,3%). Há cada vez mais espanhóis à procura de alternativas às forças há muito estabelecidos, no poder rotativamente. “Há muita gente em Espanha que quer uma mudança (…), mas sensata”, resume em entrevista ao “El Mundo”. O PP critica o C’s, reforçando a ideia de que se trata de um partido catalão ao qual os dirigentes políticos se devem referir como “Ciutadans” e não como “Ciudadanos”, sublinha o “El País”. Depois de centrarem os ataques no Podemos, de Pablo Iglesias, “os populares estão preocupados com o crescimento do Ciudadanos, que se move no seu campo e com os seus eleitores”.
O partido que Albert Rivera Díaz lidera não defende a independência da Catalunha, antes uma Espanha unida — ainda que em diferentes moldes daqueles que hoje se verificam. A prioridade do C’s é pôr fim à corrupção, sublinha sempre, através da “regeneração democrática”. No perfil de Twitter, apresenta-se com uma frase que não deixa dúvidas sobre o seu posicionamento — e do seu partido, fundado em 2005. “A Catalunha é a minha terra, a Espanha é o meu país e a União Europeia é o nosso futuro. Melhor juntos”. No próximo mês de Maio, o Cidadãos vai concorrer às eleições autárquicas em 500 localidades de toda a Espanha, extravasando os limites da fronteira da Catalunha. Rivera não avança, contudo, pelo menos para já, se será candidato às legislativas, previstas para o Outono, ou até à presidência da Catalunha: decisões só depois das primárias.
Quando questionado sobre possíveis coligações, antes ou depois de eleições, Rivera tem algumas condições, como as que apontou numa entrevista televisiva analisada pelo “El Periódico”. “Não podemos fazer parte de uma coligação com quem não tenha feito limpeza no seu próprio partido e governo”, assegurou, realçando uma vez mais aquele que diz ser o seu principal cavalo de batalha — a luta contra a corrupção. E a menos que o Podemos altere o programa eleitoral apresentado, “será difícil” chegar a acordo sobre uma eventual aliança. “Com esse programa regressaríamos à peseta”, critica.
Reestruturação nos tipos de IVA, diminuição do número de câmaras municipais (de 8.000 para 1.000) e incentivos para “trabalhadores mais pobres” são algumas das ideias que Rivera partilhou na mesma entrevista. No caso do acesso a cuidados de saúde públicos, defendeu que estes devem existir para quem tenha “autorização de residência ou sejam cidadãos espanhóis” — o que exclui os imigrantes ilegais, à semelhança do que acontece, por exemplo, na Alemanha.
Seguido por milhares online
É na Internet que o C’s tem a sua maior ferramenta de propaganda — como Rivera afirma no vídeo ao lado — e os números das redes sociais reflectem a importância que conferem à rede “sem a qual o Cidadãos não existia”. No Facebook, Rivera tem mais de 127 mil seguidores; no Twitter, o número já ultrapassa os 200 mil. Praticamente todos os dias actualiza os dois perfis, respondendo a muitos dos comentários e partilhando fotografias. No Instagram aposta, sobretudo, em “selfies” e já vai em mais de 7 mil seguidores. Pela transparência que apregoa, Rivera faz questão de partilhar a sua agenda profissional, disponível online, bem como entrevistas e outros vídeos da página de YouTube do Cidadãos. Há ainda uma “playlist” no Spotify com a sua identificação, para que eleitores e potenciais simpatizantes possam saber que tipo de música ouve.
Em 2006, Rivera — então com 27 anos — posou nu para a campanha do C’s, aquando das eleições catalãs, naquilo que o “El País” chamou de “apelativo cartaz eleitoral”. Nesse mesmo ano, o partido conseguiu três deputados na assembleia da Catalunha, número que triplicou em 2012. O jovem é deputado ao parlamento catalão desde esse ano, bem como líder do C’s, cargo ao qual chegou por ter um nome começado pela primeira letra do alfabeto (foi esta a forma que o partido encontrou para eleger o seu presidente).
Política à parte, muito se tem escrito sobre Rivera na imprensa espanhola. Desde artigos em que o advogado conta que investe em fatos Hugo Boss e tem um gosto particular por sapatos, até entrevistas nas quais fala (sempre pouco) da filha de quatro anos, Daniela, este é o novo político “cool” de Espanha, com um visual e uma atitude bem diferente de Pablo Iglesias. “Alguns dos jornalistas que seguem Rivera desde o início destacam o seu estilo e chamam-lhe o candidato ‘cool’, partilham as suas fotografias nas redes sociais e mostram como as mulheres seguem atentamente o que faz”, escreve Silvia Taulés em “Albert Rivera: o candidato casadouro já tem namorada”, no “El Mundo”. Antigo campeão de natação e pólo aquático, não nega que a imagem é importante — “e não só na política”.