Lesados do papel comercial tinham 1,8 mil milhões em recursos no banco
"Terá ficado por liquidar um montante da ordem dos 550 milhões de euros, envolvendo 2508 clientes de retalho", admitiram hoje no Parlamento Jorge Martins e João Freixa, ambos ex-administradores do Banco Espírito Santo (BES) e do Novo Banco, com responsabilidades sobre os departamentos comerciais do norte e sul, respectivamente.
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"Terá ficado por liquidar um montante da ordem dos 550 milhões de euros, envolvendo 2508 clientes de retalho", admitiram hoje no Parlamento Jorge Martins e João Freixa, ambos ex-administradores do Banco Espírito Santo (BES) e do Novo Banco, com responsabilidades sobre os departamentos comerciais do norte e sul, respectivamente.
"Aqueles 2508 clientes tinham à data de 30 de Junho [de 2014] cerca de 1800 milhões de euros de recursos aplicados [só] no BES, significando que, em média, o papel comercial por eles detido representava 31% do património financeiro que detinham no BES", revelaram os responsáveis durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
Numa audição marcada pelo tema do papel comercial, Jorge Martins e João Freixa procuraram demonstrar aos deputados que a maioria dos subscritores destas aplicações tinha um perfil financeiro compatível com a aquisição dos produtos em causa.
Os dois ex-administradores manifestaram a sua "forte convicção que, no papel comercial, as reclamações relacionadas exclusivamente com o processo de venda e o atendimento não deverão ser superiores ao valor médio apurado para outros tipos de produtos do banco de similar natureza".
E realçaram que poderão ter sido verificadas "só 5% de situações anómalas" na venda aos clientes de retalho do papel comercial das 'holdings' do Grupo Espírito Santo (GES) aos balcões do BES.
"Obviamente que esta convicção não significa que a actuação das redes comerciais fosse perfeita e estivesse imune a erros pontuais que, devidamente demonstrados e analisados, o banco tinha a tradição de bem resolver", sublinharam.
Porém, no seu entendimento, "para o sucesso verificado na colocação, terão contado as condições de remuneração e prazo atractivas do papel comercial face às alternativas existentes à época no mercado".
Segundo Jorge Martins e João Freixa, "a subscrição [ocorreu] de forma natural sem que tenham em qualquer momento sido estabelecidos objectivos ou incentivos de colocação para a rede".