Governo húngaro já não é super, mas mantém todos os poderes

Derrota no condado de Veszprém retira um lugar ao Fidesz no Parlamento e também a sua maioria de dois terços.

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Várias medidas do primeiro-ministro Viktor Orbán têm sido criticadas no seio da União Europeia ADAM BERRY/AFP

A eleição antecipada, que decorreu no domingo, teve como objectivo encontrar um substituto para Tibor Navracsics, o representante da coligação Fidesz/Partido Democrata Cristão (no poder) que venceu a corrida nas legislativas de 2014 mas que saiu para a Comissão Europeia de Jean-Claude Juncker em Outubro do ano passado.

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A eleição antecipada, que decorreu no domingo, teve como objectivo encontrar um substituto para Tibor Navracsics, o representante da coligação Fidesz/Partido Democrata Cristão (no poder) que venceu a corrida nas legislativas de 2014 mas que saiu para a Comissão Europeia de Jean-Claude Juncker em Outubro do ano passado.

Com o lugar por preencher, foram convocadas eleições antecipadas – a coligação liderada pelo Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, mandou avançar Lajos Némedi, vice-presidente da câmara da cidade de Veszprém, capital do condado com o mesmo nome; para lhe fazer frente, uma coligação de quatro partidos da esquerda e do centro-esquerda, liderada pelo Partido Socialista, apoiou o candidato independente Zoltán Kész.

A vitória do candidato do Fidesz parecia certa, já que as sondagens davam-lhe uma vantagem de seis pontos percentuais e o condado de Veszprém é dominado pelo partido há quase duas décadas. Mas a surpresa que poucos julgavam possível aconteceu mesmo – Zoltán Kész obteve 42,66% dos votos e Lajos Némedi ficou-se com apenas 33,64%.

Apesar da surpresa, o primeiro-ministro, Viktor Orbán, já tinha preparado os seus eleitores para a eventualidade de uma derrota, repetindo a ideia de que o seu Governo já fez todas as alterações profundas que pretendia fazer, e que só conseguiu graças à maioria de dois terços conquistada em 2010 e renovada em 2014.

Orbán usou a sua página no Facebook para reconhecer a derrota e reagir aos resultados: "Respeitamos a decisão dos eleitores, mas a lição que temos de retirar é que não podemos descansar sobre os nossos louros."

Em nome da coligação que apoiou o candidato vencedor, o líder do Partido Liberal, Gabor Fodor (ele próprio fundador do Fidesz, de onde saiu em 1993), disse que o resultado foi "um marco". "Ficou provado que a oposição democrática, quer estejamos a falar de partidos ou de grupos cívicos, pode unir forças e derrotar o Fidesz."

Desde que chegou ao poder, a coligação liderada por Órban aprovou várias reformas nos sectores da justiça, da lei eleitoral, dos órgãos de comunicação social e da economia, entre outras, muito criticadas no seio da União Europeia.

Mas a derrota do Fidesz no condado de Veszprém, e a consequente perda da sua super-maioria no Parlamento, mostra também que só muito dificilmente os húngaros vão começar a olhar para a esquerda como uma alternativa credível ao actual Governo – ou até à crescente popularidade do Jobbik, a formação ultranacionalista que é o terceiro maior partido no Parlamento e o terceiro maior nas intenções de voto para as próximas eleições.

Apesar de ter sido apoiado por quatro partidos da esquerda nas eleições de domingo, Zoltán Kész é um empresário conhecido pelas suas posições a favor da liberalização do mercado. No início do mês, a estação húngara Hír TV revelou mensagens publicadas por Kész no seu blogue em que defendia a privatização parcial do ensino e da saúde e admitia a possibilidade de apenas conceder direito de voto a quem tivesse os seus impostos em dia.

A coligação Fidesz/Partido Democrata Cristão conquistou 133 dos 199 lugares do Parlamento nas eleições de 2014, o que lhe deu uma maioria de dois terços. Ainda mantém a maioria absoluta, mas pode perder mais um lugar em Abril, também no círculo do condado de Vészprem, nas eleições para preencher o lugar do deputado do Fidesz Jeno Lasztovicza, que morreu no dia 8 de Janeiro.