Gonçalo Jordão, um português na equipa de direcção de arte que ganhou um Óscar
Pintor integrou a equipa do filme Grand Budapest Hotel, de Wes Anderson, distinguida em Hollywood.
Gonçalo Jordão foi responsável pela pintura das paredes do lobby do hotel no filme Grand Budapest Hotel, realizado por Wes Anderson, e que arrecadou quatro Óscares dos nove para que estava nomeado: melhor banda sonora original, melhor guarda-roupa, melhor caracterização e melhor direcção de arte. E foi aqui, na área da cenografia, que o trabalho do pintor e muralista português foi distinguido, já que integrou a equipa dirigida por Anna Pinnock e Adam Stockhausen – “e foi principalmente com o Adam que trabalhei”, nota – que construiu os cenários para o filme, no centenário estúdio alemão de Babelsberg, perto de Berlim.
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Gonçalo Jordão foi responsável pela pintura das paredes do lobby do hotel no filme Grand Budapest Hotel, realizado por Wes Anderson, e que arrecadou quatro Óscares dos nove para que estava nomeado: melhor banda sonora original, melhor guarda-roupa, melhor caracterização e melhor direcção de arte. E foi aqui, na área da cenografia, que o trabalho do pintor e muralista português foi distinguido, já que integrou a equipa dirigida por Anna Pinnock e Adam Stockhausen – “e foi principalmente com o Adam que trabalhei”, nota – que construiu os cenários para o filme, no centenário estúdio alemão de Babelsberg, perto de Berlim.
Gonçalo Jordão foi parar ao set do filme de Wes Anderson na sequência de outros trabalhos que já fizera para o cinema, também em Babelsberg, onde conseguiu chegar depois de uma candidatura pessoal que foi bem-sucedida. Trabalhou na produção de uma nova versão de A Bela e o Monstro (2014), realizada por Christophe Gans e protagonizada por Léa Seidoux e Vincent Cassel – "um filme que ainda não vi", nota –, e também em O Quinto Poder (2013), que Bill Condon realizou sobre Julian Assange, o jornalista e activista do WikiLeaks (aqui interpretado pelo britânico Benedict Cumberbatch, que esteve também nomeado para os Óscares). “Neste filme, pintei um mural num centro comercial em Berlim”, explica Gonçalo Jordão.
Para Grand Budapest Hotel, o pintor português começou por ser convidado para desenhar vários painéis art déco para o átrio do hotel, mas depois, por indicação de Adam Stockhausen, criou oito painéis com paisagens ao estilo do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich.
Na rodagem do filme, que decorreu “durante dois meses no frio Inverno alemão de 2013”, Gonçalo fazia parte de “uma equipa de quase 500 pessoas no set”. Uma equipa que Wes Anderson "dirigia até ao mais ínfimo detalhe", nota Gonçalo Jordão. E cita o episódio passado consigo, quando o realizador lhe pediu uma reprodução mais pormenorizada de um dos quadros de Friedrich, o que obrigou a equipa da cenografia a procurar uma cópia mais fiel do original e a trazê-la para o estúdio. “Foi uma experiência muito positiva, e espero que possa repetir-se”, nota.
Formado em Pintura (com especialização em pintura decorativa e peritagem em obras de arte) pelo Instituto de Artes e Ofícios da Fundação Ricardo Espírito Santo e pela Escola Superior de Artes Decorativas (ESAD), em Lisboa, Gonçalo Jordão vive actualmente em Mourão, no Alentejo, onde fundou com a sua mulher a empresa de pintura mural Afterwal.
“O Alentejo foi sempre parte integrante de quem sou. Transporto-o como uma das minhas referências e isso reflecte-se no meu trabalho”, diz o pintor no seu perfil biográfico. O seu currículo inclui intervenções em vários palácios (Ajuda, Queluz, Sintra), igrejas e conventos (Tibães, Braga e Ordem Terceira em Ponte de Lima), hotéis (Vidago e Luso), mas também instituições como o Palácio de Belém ou a Assembleia Nacional de Angola, em Luanda, além de casas particulares.
A noite dos Óscares apanhou-o a trabalhar no Alto Minho, onde se está a recuperar pinturas murais numa casa onde viveu o cônsul português em Bordéus Aristides de Sousa Mendes.
O que é que espera que a parte que lhe cabe no Óscar de Grand Budapest Hotel venha trazer ao seu trabalho? “Ainda é cedo para imaginar o que pode acontecer, mas espero que continue a dar-me o que me tem dado até agora”, diz Gonçalo Jordão.