Ofensiva para conquistar Mossul aos jihadistas anunciada para a Primavera
Operação incluirá até 25 mil soldados iraquianos e EUA admitem ter militares no terreno a coordenar ataques aéreos. Bagdad quer mostrar que Estado Islâmico está fragilizado, mas há muitas dúvidas sobre hipóteses de sucesso.
“Estamos a apontar para Abril ou Maio”, disse um responsável do Comando Central, a estrutura do Exército americano que supervisiona as operações no Médio Oriente, num briefing à margem da conferência sobre extremismo organizada pela Casa Branca. O militar assegurou que a operação, contra os "mil a dois mil" combatentes do EI que controlam a cidade só será lançada “se estiverem reunidas todas as condições”, mas reconheceu que o calendário é apertado: “A seguir vem o Ramadão e o calor dos meses de Verão”.
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“Estamos a apontar para Abril ou Maio”, disse um responsável do Comando Central, a estrutura do Exército americano que supervisiona as operações no Médio Oriente, num briefing à margem da conferência sobre extremismo organizada pela Casa Branca. O militar assegurou que a operação, contra os "mil a dois mil" combatentes do EI que controlam a cidade só será lançada “se estiverem reunidas todas as condições”, mas reconheceu que o calendário é apertado: “A seguir vem o Ramadão e o calor dos meses de Verão”.
É muito pouco habitual os militares americanos fornecerem informações sobre o planeamento de uma operação, sobretudo de uma batalha que o Pentágono descreve como decisiva na luta contra os jihadistas. O responsável afirmou que o objectivo era mostrar “o nível de empenho” dos iraquianos na reconquista da grande cidade do Norte, embora os jornalistas tenham lido na antecipação uma tentativa de Washington e Bagdad de mostrar que, ao contrário do que afirmam os críticos, os bombardeamentos aéreos e as contra-ofensivas do Exército iraquiano, enfraqueceram os jihadistas.
Indo mais longe, o militar revelou que a ofensiva abrangerá um total de 20 a 25 mil soldados, mas o grosso das operações ficará a cabo de cinco brigadas, cada uma com cerca de dois mil soldados, escolhidas entre as unidades mais experientes do Exército, que vão receber treino adicional dos militares enviados pelos EUA e ser equipados com armamento novo. Outras três unidades vão ser colocadas de reserva e na operação vão participar também três brigadas peshmerga – as forças do Curdistão iraquiano, a quem caberá cercar Mossul por Norte e Oeste – e uma força de contraterrorismo do Exército.
O responsável adiantou que, além do treino militar, os EUA vão colaborar com apoio aéreo e recolha de informações, não estando excluída a participação “de controladores aéreos avançados para guiar os bombardeamentos” – decisão que, a ser tomada, contraria a promessa de Presidente Barack Obama de não colocar “botas no terreno”.
Há muito que Bagdad afiança que a ofensiva está iminente. Ainda segunda-feira, o primeiro-ministro, Haider al-Abadi, dizia à BBC esperar que Mossul “seja libertada no espaço de meses”. E tanto o Exército como os peshmerga têm dado conta de avanços a sul e a oeste da cidade que dizem pôr em causa as linhas de abastecimento do EI.
Mas há também inúmeros sinais de que o EI não foi tão atingido como Bagdad e os aliados afirmam – ainda no dia 12, os jihadistas capturaram Baghdadi, cidade na província de Anbar (Oeste) situada a quilómetros de uma base onde os militares americanos treinam soldados iraquianos. O Exército iraquiano tenta também há meses, sem sucesso, tomar Tikrit, cidade mais pequena e menos fortificada do que Mossul. Noutros casos, o EI conseguiu em poucos dias reconquistar localidades que o Exército tinha tomado.
A isto juntam-se os poucos avanços feitos por Bagdad para conseguir o apoio da população e das tribos sunitas de Mossul – condição para o sucesso da luta contra os jihadistas, que continua a ser minada pelas sucessivas atrocidades atribuídas às milícias xiitas que combatem ao lado do Exército. “Se Mossul for libertada com o apoio de milícias xiitas e da Força Aérea americana, o EI terá conseguido o melhor golpe de publicidade que poderia desejar”, confidenciou ao site da Bloomberg um diplomata árabe que participou na conferência de Washington.