Gregos ganham tempo e dinheiro
Gregos chegam a acordo com o Eurogrupo. Dadas as posições extremadas, foi o acordo possível
Foram várias horas de negociações, um constante entrar e sair, informações e contra-informação ao longo do dia. Dúvidas e suspense até ao último instante. E, à boa maneira europeia, poucas horas antes do ultimato que tinha sido feito pelo Eurogrupo, a Grécia e os parceiros da zona euro chegaram a um acordo.
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Foram várias horas de negociações, um constante entrar e sair, informações e contra-informação ao longo do dia. Dúvidas e suspense até ao último instante. E, à boa maneira europeia, poucas horas antes do ultimato que tinha sido feito pelo Eurogrupo, a Grécia e os parceiros da zona euro chegaram a um acordo.
Este acordo é positivo porque permite afastar no imediato os dois fantasmas que pairavam no ar: a possibilidade de até ao final do mês a Grécia ficar sem dinheiro; e o cenário de uma saída da zona euro que, mesmo controlada, seria catastrófica para o projecto europeu. E o acordo é igualmente positivo porque no último instante assistiu-se a uma aproximação entre as posições e contradições, aparentemente insanáveis, de Yanis Varoufakis e Wolfgang Schäuble.
Sendo positivo, este acordo (que prolonga o resgate grego por, pelo menos, mais quatro meses) está longe de ser um ponto final na crise grega. O ponto que mais separava a Grécia dos seus parceiros era a exigência feita ao Governo de Alexis Tsipras de prosseguir com as reformas e as políticas de austeridade em troca de mais dinheiro. E a verdade é que neste ponto mais sensível ficou tudo adiado para um documento que o Governo grego vai apresentar na segunda-feira e que depois será analisado e validado “pelas instituições” (leia-se: a troika).
Ou seja, ainda não há garantias de que o acordo assinado esta sexta-feira produza resultados. Mas há um compromisso feito por Yanis Varoufakis no acordo de que a Grécia não tomará medidas unilaterais que façam desequilibrar as contas públicas. E diz que vai pagar a dívida. É um acordo que só funcionará se, como dizia Jeroen Dijsselbloem, houver confiança mútua. O acordo desta sexta-feira não resolve o problema de fundo, mas a Europa e os gregos ganham tempo para tentar construir essa relação de confiança. E a confiança conduzirá necessariamente a mais solidariedade.