Grécia já pediu alargamento por seis meses do prazo do empréstimo da zona euro

Grécia aceita "equilíbrio orçamental" e monitorização das instituições que compôem a troika. Nova reunião do Eurogrupo agendada para sexta-feira.

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O Governo de Alexis Tsipras recusa estender o programa de ajustamento da troika Kostas Tsironis/AFP

Na terça-feira, fontes do Governo grego já tinham admitido que o país iria avançar com um pedido à zona euro para prolongar o prazo do seu acordo de empréstimo, distinguindo, no entanto, este pedido de um prolongamento do programa de assistência da troika. A proposta grega era esperada para quarta-feira, mas acabou por ser adiada por um dia.

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Na terça-feira, fontes do Governo grego já tinham admitido que o país iria avançar com um pedido à zona euro para prolongar o prazo do seu acordo de empréstimo, distinguindo, no entanto, este pedido de um prolongamento do programa de assistência da troika. A proposta grega era esperada para quarta-feira, mas acabou por ser adiada por um dia.

De acordo com a agência Reuters, a proposta tem como objectivo assegurar o financiamento do país até que seja possível um novo “acordo de crescimento” entre a Grécia e a zona euro para o período de 2015 a 2019.

O pedido grego foi bem recebido pelo presidente da Comissão Europeia, segundo um porta-voz de Jean-Claude Juncker, citado pela AFP. “O senhor Juncker manteve numerosos contactos durante toda a noite e viu sinais positivos nesta manhã, na carta” que Atenas enviou aos parceiros europeus.

São sinais que “abrem caminho a um compromisso razoável em nome da estabilidade”, disse o porta-voz da Comissão, o grego Margaritis Schinas, em conferência de imprensa, em Bruxelas.

O Governo liderado por Alexis Tsipras tem recusado desde o início estender o actual programa da troika, que termina a 28 de Fevereiro. E parece querer manter esse compromisso. “O Governo, fiel aos seus compromissos, não pediu uma extensão do resgate”, afirmou um responsável do Governo grego à Reuters, garantindo que a proposta agora apresentada “respeita o mandato popular, defende a dignidade da sociedade e, ao mesmo tempo, pode ser aceitável para os nossos parceiros”.

Para tentar obter o acordo dos outros países da zona euro, o executivo grego, de acordo com o documento da proposta a que a agência noticiosa teve acesso, compromete-se a manter um “equilíbrio orçamental” durante os seis meses de extensão dos empréstimos e a cumprir todas as suas obrigações com os credores. A Grécia aceita também que as instituições que compõem a troika possam monitorizar o cumprimento dos compromissos assumidos e garante que não irá adoptar medidas unilaterais que ponham em causa as metas orçamentais, a retoma económica e a estabilidade financeira.

Estas garantias fazem com que a extensão dos empréstimos que é solicitada pela Grécia se assemelhe grandemente a uma verdadeira extensão do programa.

Atenas solicita, em contrapartida, que durante estes seis meses se possa chegar a acordo para um programa que aposte no crescimento da economia, incluindo uma redefinição das metas para os excedentes orçamentais primários ´para níveis “apropriados” (a Grécia considera as metas actuais excessivas e impraticáveis) e um novo alívio da dívida pública, em linha com o que ficou acordado na reestruturação de 2012.

A aceitação e as eventuais condições deste prolongamento terão agora de ser discutidas entre a Grécia e os parceiros da zona euro euro.

Jeroen Dijsselbloem confirmou na sua conta Twitter que haverá uma reunião extraordinária do Eurogrupo nesta sexta-feira para debater o pedido grego.

Dado que o fez pouco depois de ter confirmado a recepção do pedido, a convocação da reunião em si não deve poder ser já tomada como um sinal de que Dijsselbloem considera que este pedido grego tem mais hipótese de satisfazer os parceiros da zona euro. Mas nos mercados, tendo em conta o tom conciliatório da proposta grega, nota-se um maior optimismo na assinatura de um acordo, com subidas dos índices bolsistas.

Representantes dos países da zona euro e da Comissão Europeia reúnem-se já nesta quinta-feira no Conselho para discutir o pedido grego.